O grupo Sonora Madeira, com Kaica e músicos, está às quartas no bar Toca da Joana, e isso faz com que Noel Rosa também. Suas canções vem oferecendo colorido diferente àquela esquina da rua Conselheiro Nabuco bem na curva da sementeira...
O Pierrô Apaixonado estave ontem por lá. Firme entre as "pérolas" escolhidas, para apropriada platéia que soube receber tamanha riqueza. Aquele tal Pierrô que vivia só cantando e que por causa de uma Colombina/ "acabou chorando (duas vezes)"/ou ainda - se seguiu os conselhos da terrível personagem feminina que bebeu assim assim - está até agora tomando "sorvete com o Arlequim" /na última das hipóteses: "vermut com amendoim"/.
Dava para abrir um parágrafo inteiro com a genialidade de Noel Rosa. Vou fazê-lo, registrando a interpretação do Sonora Madeira. Segue letra da música criada em 1935, por Noel e Heitor dos Prazeres:
(curiosidade: o aniversário do Rosa está próximo, no verão, 11 de dezembro de 1910).
Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando
A colombina entrou num butiquim
Bebeu, bebeu, saiu assim, assim
Dizendo: pierrô cacete
Vai tomar sorvete com o arlequim
Um grande amor tem sempre um triste fim
Com o pierrô aconteceu assim
Levando esse grande chute
Foi tomar vermute com amendoim
No repertório do grupo, além de Noel, canções de Mansueto, que lembrou Kaica, "era alguém que os amigos conheciam como alguém muito alegre, mas fez músicas muito tristes". Emendou com:
Mora na Filosofia (Mansueto e A. Pessoa)
Eu vou lhe dar a decisão
Botei na balança
E você não pesou
Botei na peneira
E você não passou
Mora na filosofia
Pra que rimar amor e dor
Se seu corpo ficasse marcado
Por lábios ou mão carinhosas
Eu saberia,
Ora vai mulher...
À quantos você pertencia
Não vou me preocupar em ver teu caso
Não é de ver pra crer, tá na cara
(Mesmo triste o desabafo...aposto, nem era bem assim.)Bom, o Madeira Sonora segue com: Geraldo Pereira, João Gilberto e músicas de autoria do próprio grupo, a exemplo da inspiradíssima "Casa Vazia" e "5 minutos". Um trecho:
Caiu uma lágrima
Cinco minutos depois
Que a dor virou a esquina
Vazia de você que ia
Cinco minutos depois,
Que a dor pesou,
O gesto, leve, da mão
Na carícia, de um sem lar.
(e por aí vai muito bem ...)
A programação da Toca da Joana, Rua Conselheiro Nabuco, 21, Casa Amarela Confere logo! aqui...:
5a.feira: dibontom
6a.feira: NA CALÇADA (Karina Spinelli e Lucas dos Prazeres)
Sábado:
18 às 21h - NA SEMENTE (NADO DA CUÍCA &)
21h em diante - dibontom
Domingo de Blues: EL MOCAMBO
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Ruas e Personagens de Casa Amarela
Conselheiro Nabuco
Homenagem ao patrono da Assembléia Legislativa de Pernambuco. O jornalista e diplomata Joaquim Nabuco. Já na sua etapa, conselheiro.
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu em um velho sobrado na Rua do aterro da Boa Vista, hoje Rua da Imperatriz Tereza Cristina, e ainda de pé no local, embora em precárias condições. Foi no dia 19 de Agosto de 1849. Filho de José Tomás Nabuco de Araújo, que não se rogaria a recusar a penca de Senador vindo de tal família, e Ana Benigna de Sá Barreto, igualmente importante.
Portanto, em berço de gente ilustríssima, como atesta Manuel Correia de Andrade, "uma influente família baiana que dava senadores ao Império desde o Primeiro Reinado". Enquanto, se poderia dizer que a influência dos Paes Barreto em Pernambuco, vem desde o século XVI, graças a Francisco Paes Barreto, último morgado do Cabo e marquês do Recife.
Pois, bem, foi no Cabo, há 8 de dezembro de 1849 que Joaquim Nabuco foi batizado pelos padrinho e senhores do Engenho Massangana, Joaquim Aurélio Pereira de Carvalho e d. Ana Rosa Falcão de Carvalho. E onde cresceu sob os cuidados de D'Ana, que teve grande influência na criação do menino, diante das inúmeras viagens dos pais de Nabuco à Corte. E foi no Engenho Massangana que Joaquim Nabuco viveu sua infância, até o ano de 1857, quando morre a madrinha, d'Ana. Foi ali, que conviveu de perto com a experiência da escravidão do Brasil, o que explicaria todo seu "conhecimento de causa" em argumentos para idéias abolicionistas direcionadas a seu país.
Aos oito anos, depois da morte de d. Ana Rosa, Joaquim Nabuco vai morar com os pais, no Rio Janeiro, onde faz os estudos de nível primário e secundário, sendo este último, na cidade de Nova Friburgo, em colégio dirigido pelo famoso barão de Tauthphoeus. Aos 15 anos, em 1866, Inicia os estudos de Direito na Faculdade de São Paulo, destacando-se entre os colegas, como orador. Assim, a 2 de abril de 1868, foi o orador que saudou José Bonifácio, o moço, quando este regressou à sua cidade, após perder o lugar de ministro, com a queda do Gabinete Zacarias.
Aos vinte anos, em 1869, é transferido para a Faculdade de Direito do Recife, onde se aproximou dos seus parentes maternos e de amigos; escreveu A escravidão, que permaneceu inédito até 1988, quando foi publicado pela Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, e escandalizou a sociedade da época ao defender, em um júri, um escravo negro que assassinara o senhor do Engenho.
Aos vinte eum anos, no ano de 1870, no dia 28 de janeiro é diplomado em Ciências Sociais e Jurídicas, pela Faculdade de Direito do Recife. Depois de formado volta ao Rio, para tentar a advocacia, cidade onde o pai tinha um excelente escritório. Onde acabou optando por enveredar-se pelo jornalismo, estreando no periódio A Reforma, onde defendeu os princípios monárquicos.
Já aos 23 anos de idade, em 1872, Joaquim Nabuco publicou o seu primeiro livro Camões e os Lusíadas, com 294 páginas. Depois um par de opúsculos - que vem a ser segundo dicionários: pequena obra de ciência ou literatura, arte, etc. A propósito, foram dois: O gigante da Polônia,em 1864, e O povo e o trono,em 1869.
E neste mesmo ano, conclui trabalho em homenagem a Renan, que execia grande influência em seu espírito, intitulado: Le droit du meurtre. Com o dinheiro obtido com a venda do Engenho Serraria, herdado de sua madrinha, passou um ano na Europa, viajando, em contato com intelectuais e políticos, formando ali as suas idéias "para o futuro".
Aos 27 anos, em 26 de abril de 1876 conquistou seu primeiro cargo público, o de adido de legação nos Estados Unidos, cargo que lhe proporcionou um melhor conhecimento do país, onde na velhice seria embaixador, contatos e estudos em Nova Iorque (onde viveu a maior parte do tempo) e em Washington.
Em 1878, é eleito, graças ao apoio do Barão de Vila Bela, deputado geral pela província de Pernambuco, passando no ano seguinte a participar do parlamento, com destaque, em face da sua origem, ao valor de sua oratória e da independência frente ao governo Sinimbu, do seu próprio partido. Ele, ao lado de outros jovens deputados, iniciou então a campanha contra a escravidão, em favor da abolição da escravatura. Nessa legislatura Nabuco combateu um projeto de exploração do Xingu, defendendo os direitos dos indígenas (1deg. de abril) e criticou o envio de uma missão governamental à China, visando estimular à migração de chineses que deveriam substituir os escravos nas fainas agrícolas. Nabuco verberou este projeto que classificou de tentativa de "mongolização do país".
Em 1880, houve a comemoração do terceiro centenário de Camões, no Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro com Nabuco como orador oficial, de "brilhante discurso". Sua energia em dissiminar idéias políticas não conheceu fronteiras, e no mesmo ano, em sete de setembro,
instalou na casa dele a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, mais um desafio à elite conservadora da época, "que considerava", nas palavras de Manuel Correia, "a escravidão uma instituição indispensável ao desenvolvimento do Brasil". Foi aqui que Joaquim Nabuco aprofundou as divergências com o seu partido, o Liberal, e inviabilizou a sua reeleição.
Em primeiro de fevereiro de 1882 perde as eleições para a Câmara dos Deputados, quando disputou um lugar pela Corte, como representante dos abolicionistas, partiu para a Europa, para o que chamou de exílio voluntário. Em Londres viveu como advogado e jornalista (representante do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro). Foi à esta época que escreveu um dos seus principais livros, O abolicionismo, publicado em 1884.
Ano da campanha para a eleição, por Pernambuco, à Camara dos Deputados, defendendo ao lado de José Mariano, a causa do abolicionismo. Seus discursos e conferências foram reunidos no livro A campanha abolicionista, publicado em 1885, onde defendeu idéias bastante avançadas. Vitorioso sobre o candidato conservador, Machado Portela, foi entretanto expurgado pela Câmara.
Um ano depois, em 7 de Julho de 1885, houve o expurgo de Nabuco. Ato político que causou a maior revolta em Pernambuco. Então, o quinto degado distrito, formado pelos municípios de Nazaré e Bom Jardim, por decisão dos chefes liberais Ermírio Coutinho e Joaquim Francisco de Melo Cavalcanti, que renunciaram a disputa da vaga de deputado, elegeu Joaquim Nabuco para a Câmara.
É quando é acusado de atuação moderada na Câmara dos Deputados, ao defender o Gabinete Dantas e o seu projeto de libertação dos sexagenários. Em seguida à queda de Dantas, ele atacou as modificações feitas ao projeto pelo novo presidente do Conselho, J. A. Saraiva, que seria transformado em lei pelo Gabinete Cotejipe, a 28 de setembro.
Em 14 de setembro daquele ano, Nabuco apresentou à Câmara dos Deputados um projeto de lei em favor da federação das províncias, tentando concretizar velha aspiração regionalista brasileira. Um ano depois, em 15 de janeiro de 188, foi derrotado em eleição para a Câmara dos deputados ao tentar eleger-se pelo Recife.
Passou, então, a dedicar-se ao jornalismo escrevendo uma série de opúsculos, em que identificou a Monarquia com a escravidão e fez sérias críticas ao governo. Estes opúsculos se intitulavam O erro do Imperador, O Eclipse do Abolicionismo e Eleições liberais e eleições conservadoras, publicados em 1886.
Doi anos depois, retorna com vitória à polítca, 14 de setembro de 1887, Nabuco derrotou Machado Portela em eleição memorável no Recife, quando este, ministro do Império, tentava confirmar o seu mandato, voltando à Câmara para concluir o seu apostolado em favor da abolição.
Relata ainda Manuel Correia de Andrade, que no dia dez de fevereiro de 1888, Joaquim Nabuco teve uma audiência particular com o papa Leão XIII, ocasião em que relatou a luta pelo abolicionismo no Brasil, segundo o historiador "tendo possivelmente influenciado o grande pontífice na elaboração de uma encíclica contra a escravidão". Exatamente, um mês depois, em 10 de março de 1888, o Gabinete João Alfredo assume o governo com o propósito deliberado de abolir a escravatura no Brasil.
Nabuco apoiou e deu uma grande contribuição à aprovação da Lei Áurea, mesmo sendo considerado o Gabinete como conservador . Em seguida, quando os ressentidos com a abolição se lançaram contra João Alfredo, Nabuco veio em sua defesa, promovendo a 22 de maio de 1889, um dos seus mais memoráveis discursos na Câmara dos Deputados.
Naquele mesmo ano, 1889, em 28 de abril, Joaquim Nabuco casa-se com d. Evelina Torres Soares Ribeiro, filha do barão de Inhoã e fazendeiro em Maricá, na então província do Rio de Janeiro.
Em 21 de agosto, daquele ano, foi eleito deputado por Pernambuco, para a última legislatura do Império, sem ir ao Recife e sem solicitar o apoio do eleitorado. Começava a se desiludir dos processos políticos no país e temia pela queda da Monarquia, a quem era fiel, embora procurasse liberalizá-la e não poupasse críticas à instituição e ao próprio Imperador.
Proclamação da República, em 15 de novembro de 1898, por conta do seu posicionamento em favor da Monarquia, Joaquim Nabuco recusa-se, embora solicitado, a postular uma cadeira na Assembléia Constituinte de 1891. Justificou sua posição no opúsculo Por que sou monarquista.
Surge, então, em 21 de junho de 1891, o Jornal do Brasil, fundado por Rodolfo Dantas, com a finalidade de bem informar a população e de defender, de forma moderada, a restauração da Monarquia. Joaquim Nabuco é convidado a ser colaborador. Foi quando também voltou à advocacia e abrindo escritório em sociedade com o conselheiro João Alfredo. Não foram bem sucedidos na profissão e um ano depois fecharam o escritório.
Em 1892, Joaquim Nabuco e Evelina Torres Soares Ribeiro viajam à Inglaterra onde ficam por alguns anos. Joaquim Nabuco decide voltar à frequentar a Igreja Católica, abandonada na juventude, comparecendo às cerimônias religiosas e se confessando. Data de 28 de maio de 1892, confissão na Capela de Nossa Senhora das Dores. A comunhão só aconteceria no Rio de Janeiro, em 22 de dezembro do mesmo ano. Quatro anos depois, Joaquim Nabuco lança o livro Minha Fé, que foi publicado em 1986 pela Fundação Joaquim Nabuco. Na publicação relata seu processo de conversão.
No auge das disputas entre monarquistas e republicanos, em 1895, escreveu o folheto, O dever dos monarquistas, em resposta a outro escrito pelo almirante Jaceguai, favorável ao novo regime intitulado O dever do momento.
Então, no dia 12 de janeiro 1896 é publicado mainifesto do Partido Monarquista, no recém-fundado Jornal do Commercio, tendo como signatários, além de Nabuco, os conselheiros João Alfredo, Lafaiete Pereira, o visconde de Ouro Preto, Afonso Celso e outros.
É quando tem início um período de intensa atividade intelectual por parte de Joaquim Nabuco. Os anos que seguem entre, mesmo antes, em 1893 até 1899, Nabuco não aceita os cargos nem encargos da República, dedicando-se às letras, escrevendo livros e artigos para jornais e revistas.
"Alguns livros foram escritos, inicialmente, para publicação de seus capítulos, como artigos, nos jornais e na Revista do Brasil. Estes livros, quase sempre de comentários políticos, foram Balmaceda (publicado em 1895) sobre a guerra civil no Chile e A intervenção estrangeira na Revolta de 1893 (publicado em 1896) onde, além de analisar o desenrolar da luta, faz confronto entre Saldanha da Gama, maior lider da Revolta, e Floriano Peixoto, que encarnava a legalidade. Também deste período é Um estadista do Império (1896), seu principal livro, em que analisa a vida do senador Nabuco de Araújo e a vida política, econômica e social do país durante a atuação do mesmo. Ainda desta época é o seu livro de memórias, intitulado Minha formação, publicado parcialmente na imprensa e reunido em livro em 1900", relata Manuel Correia.
Outras datas:
1896 - Participa da fundação da Academia Brasileira de Letras, que teve Machado de Assis como seu primeiro presidente e Joaquim Nabuco como secretário perpétuo.
25 de janeiro de 1896 - Ingressa no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
9 de março de 1899 - Aceita convite do governo da República para defender o Brasil na questão de limites com a então Guiana Inglesa de que seria árbitro o rei Victor Emanuel da Itália. Iniciou um processo de afastamento do grupo monarquista e a sua conciliação com a República.
Em março de 1900 - Com a morte de Sousa Correia, ministro brasileiro na Inglaterra, recebe o convite do gabinete do governo ocupar este lugar, passando a ser funcionário da República. Nabuco inicialmente aceitou ser "plenipotenciário em missão especial" deixando a chefia da legação com o encarregado de negócios.
Em agosto de 1900 - Aceita cargo de chefe da legação em Londres e tornou-se, finalmente, funcionário da República.
Em dezembro de 1900 - Durante banquete que lhe é oferecido, na cidade do Rio de Janeiro, faz o discurso considerado como a sua declarada adesão à República.
1903 - Publica-se em Paris o livro O direito do Brasil (1a. parte) em que Nabuco analisa as razões do Brasil na contenda com a Inglaterra, a respeito de uma área territorial fronteiriça com a Guiana Inglesa.
14 de junho de 1904 - O rei Victor Emanuel da Itália concede laudo arbitral na questão da Guiana Inglesa, dividindo o território disputado em duas partes - 3/5 para a Grã-Bretanha e 2/5 para o Brasil - o que foi considerado por todos, inclusive por Nabuco, como uma derrota para o Brasil.
1905 - Criada a Embaixada do Brasil em Washington, Nabuco foi nomeado embaixador do Brasil, apresentando suas credenciais ao presidente Teodoro Roosevelt, a 25 de maio. Como embaixador em Washington ligou-se muito ao governo norte-americano e defendeu uma política pan-americana, baseada na doutrina de Monroe. Também viajou bastante pelos Estados Unidos e proferiu dezenas de conferências em universidades americanas.
Julho de 1906 - Organizou a III Conferência Pan-americana, realizada no Rio de Janeiro, com a presença do secretário de Estado dos Estados Unidos.
Em 17 de janeiro de 1910 - Morre em Washington, Joaquim Nabuco, como embaixador, vencido por longo período de doença.
É a partir de 9 de agosto de 1948, às vésperas do centenário do nascimento do abolicionista e conselheiro, que a sede da Alepe recebeu o nome de Palácio Joaquim Nabuco. A indicação foi do deputado Tabosa de Almeida. E chegou a ser criticada por uma comissão parlamentar, segundo informações disponíveis no site da Assembléia Legislativa de Pernambuco, "o grupo alegava que o nome do abolicionista deveria ser dado a ruas, praças, prédios escolares e outros, mas não ao Poder Legislativo, uma vez que Nabuco não apoiava o Regime Republicano Democrático".
O resultado foi a aprovação, por maioria esmagadora, da medida proposta de Tabosa, tendo como argumento o fato de "Joaquim Nabuco ter sido um abolicionista destemido e incansável, de carreira política, diplomática e estadista brilhante, embora monarquista convicto".
fontes de informação:
http://www.fundaj.gov.br/docs/nabuco/jn.html
http://www.alepe.pe.gov.br/
Homenagem ao patrono da Assembléia Legislativa de Pernambuco. O jornalista e diplomata Joaquim Nabuco. Já na sua etapa, conselheiro.
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu em um velho sobrado na Rua do aterro da Boa Vista, hoje Rua da Imperatriz Tereza Cristina, e ainda de pé no local, embora em precárias condições. Foi no dia 19 de Agosto de 1849. Filho de José Tomás Nabuco de Araújo, que não se rogaria a recusar a penca de Senador vindo de tal família, e Ana Benigna de Sá Barreto, igualmente importante.
Portanto, em berço de gente ilustríssima, como atesta Manuel Correia de Andrade, "uma influente família baiana que dava senadores ao Império desde o Primeiro Reinado". Enquanto, se poderia dizer que a influência dos Paes Barreto em Pernambuco, vem desde o século XVI, graças a Francisco Paes Barreto, último morgado do Cabo e marquês do Recife.
Pois, bem, foi no Cabo, há 8 de dezembro de 1849 que Joaquim Nabuco foi batizado pelos padrinho e senhores do Engenho Massangana, Joaquim Aurélio Pereira de Carvalho e d. Ana Rosa Falcão de Carvalho. E onde cresceu sob os cuidados de D'Ana, que teve grande influência na criação do menino, diante das inúmeras viagens dos pais de Nabuco à Corte. E foi no Engenho Massangana que Joaquim Nabuco viveu sua infância, até o ano de 1857, quando morre a madrinha, d'Ana. Foi ali, que conviveu de perto com a experiência da escravidão do Brasil, o que explicaria todo seu "conhecimento de causa" em argumentos para idéias abolicionistas direcionadas a seu país.
Aos oito anos, depois da morte de d. Ana Rosa, Joaquim Nabuco vai morar com os pais, no Rio Janeiro, onde faz os estudos de nível primário e secundário, sendo este último, na cidade de Nova Friburgo, em colégio dirigido pelo famoso barão de Tauthphoeus. Aos 15 anos, em 1866, Inicia os estudos de Direito na Faculdade de São Paulo, destacando-se entre os colegas, como orador. Assim, a 2 de abril de 1868, foi o orador que saudou José Bonifácio, o moço, quando este regressou à sua cidade, após perder o lugar de ministro, com a queda do Gabinete Zacarias.
Aos vinte anos, em 1869, é transferido para a Faculdade de Direito do Recife, onde se aproximou dos seus parentes maternos e de amigos; escreveu A escravidão, que permaneceu inédito até 1988, quando foi publicado pela Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, e escandalizou a sociedade da época ao defender, em um júri, um escravo negro que assassinara o senhor do Engenho.
Aos vinte eum anos, no ano de 1870, no dia 28 de janeiro é diplomado em Ciências Sociais e Jurídicas, pela Faculdade de Direito do Recife. Depois de formado volta ao Rio, para tentar a advocacia, cidade onde o pai tinha um excelente escritório. Onde acabou optando por enveredar-se pelo jornalismo, estreando no periódio A Reforma, onde defendeu os princípios monárquicos.
Já aos 23 anos de idade, em 1872, Joaquim Nabuco publicou o seu primeiro livro Camões e os Lusíadas, com 294 páginas. Depois um par de opúsculos - que vem a ser segundo dicionários: pequena obra de ciência ou literatura, arte, etc. A propósito, foram dois: O gigante da Polônia,em 1864, e O povo e o trono,em 1869.
E neste mesmo ano, conclui trabalho em homenagem a Renan, que execia grande influência em seu espírito, intitulado: Le droit du meurtre. Com o dinheiro obtido com a venda do Engenho Serraria, herdado de sua madrinha, passou um ano na Europa, viajando, em contato com intelectuais e políticos, formando ali as suas idéias "para o futuro".
Aos 27 anos, em 26 de abril de 1876 conquistou seu primeiro cargo público, o de adido de legação nos Estados Unidos, cargo que lhe proporcionou um melhor conhecimento do país, onde na velhice seria embaixador, contatos e estudos em Nova Iorque (onde viveu a maior parte do tempo) e em Washington.
Em 1878, é eleito, graças ao apoio do Barão de Vila Bela, deputado geral pela província de Pernambuco, passando no ano seguinte a participar do parlamento, com destaque, em face da sua origem, ao valor de sua oratória e da independência frente ao governo Sinimbu, do seu próprio partido. Ele, ao lado de outros jovens deputados, iniciou então a campanha contra a escravidão, em favor da abolição da escravatura. Nessa legislatura Nabuco combateu um projeto de exploração do Xingu, defendendo os direitos dos indígenas (1deg. de abril) e criticou o envio de uma missão governamental à China, visando estimular à migração de chineses que deveriam substituir os escravos nas fainas agrícolas. Nabuco verberou este projeto que classificou de tentativa de "mongolização do país".
Em 1880, houve a comemoração do terceiro centenário de Camões, no Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro com Nabuco como orador oficial, de "brilhante discurso". Sua energia em dissiminar idéias políticas não conheceu fronteiras, e no mesmo ano, em sete de setembro,
instalou na casa dele a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, mais um desafio à elite conservadora da época, "que considerava", nas palavras de Manuel Correia, "a escravidão uma instituição indispensável ao desenvolvimento do Brasil". Foi aqui que Joaquim Nabuco aprofundou as divergências com o seu partido, o Liberal, e inviabilizou a sua reeleição.
Em primeiro de fevereiro de 1882 perde as eleições para a Câmara dos Deputados, quando disputou um lugar pela Corte, como representante dos abolicionistas, partiu para a Europa, para o que chamou de exílio voluntário. Em Londres viveu como advogado e jornalista (representante do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro). Foi à esta época que escreveu um dos seus principais livros, O abolicionismo, publicado em 1884.
Ano da campanha para a eleição, por Pernambuco, à Camara dos Deputados, defendendo ao lado de José Mariano, a causa do abolicionismo. Seus discursos e conferências foram reunidos no livro A campanha abolicionista, publicado em 1885, onde defendeu idéias bastante avançadas. Vitorioso sobre o candidato conservador, Machado Portela, foi entretanto expurgado pela Câmara.
Um ano depois, em 7 de Julho de 1885, houve o expurgo de Nabuco. Ato político que causou a maior revolta em Pernambuco. Então, o quinto degado distrito, formado pelos municípios de Nazaré e Bom Jardim, por decisão dos chefes liberais Ermírio Coutinho e Joaquim Francisco de Melo Cavalcanti, que renunciaram a disputa da vaga de deputado, elegeu Joaquim Nabuco para a Câmara.
É quando é acusado de atuação moderada na Câmara dos Deputados, ao defender o Gabinete Dantas e o seu projeto de libertação dos sexagenários. Em seguida à queda de Dantas, ele atacou as modificações feitas ao projeto pelo novo presidente do Conselho, J. A. Saraiva, que seria transformado em lei pelo Gabinete Cotejipe, a 28 de setembro.
Em 14 de setembro daquele ano, Nabuco apresentou à Câmara dos Deputados um projeto de lei em favor da federação das províncias, tentando concretizar velha aspiração regionalista brasileira. Um ano depois, em 15 de janeiro de 188, foi derrotado em eleição para a Câmara dos deputados ao tentar eleger-se pelo Recife.
Passou, então, a dedicar-se ao jornalismo escrevendo uma série de opúsculos, em que identificou a Monarquia com a escravidão e fez sérias críticas ao governo. Estes opúsculos se intitulavam O erro do Imperador, O Eclipse do Abolicionismo e Eleições liberais e eleições conservadoras, publicados em 1886.
Doi anos depois, retorna com vitória à polítca, 14 de setembro de 1887, Nabuco derrotou Machado Portela em eleição memorável no Recife, quando este, ministro do Império, tentava confirmar o seu mandato, voltando à Câmara para concluir o seu apostolado em favor da abolição.
Relata ainda Manuel Correia de Andrade, que no dia dez de fevereiro de 1888, Joaquim Nabuco teve uma audiência particular com o papa Leão XIII, ocasião em que relatou a luta pelo abolicionismo no Brasil, segundo o historiador "tendo possivelmente influenciado o grande pontífice na elaboração de uma encíclica contra a escravidão". Exatamente, um mês depois, em 10 de março de 1888, o Gabinete João Alfredo assume o governo com o propósito deliberado de abolir a escravatura no Brasil.
Nabuco apoiou e deu uma grande contribuição à aprovação da Lei Áurea, mesmo sendo considerado o Gabinete como conservador . Em seguida, quando os ressentidos com a abolição se lançaram contra João Alfredo, Nabuco veio em sua defesa, promovendo a 22 de maio de 1889, um dos seus mais memoráveis discursos na Câmara dos Deputados.
Naquele mesmo ano, 1889, em 28 de abril, Joaquim Nabuco casa-se com d. Evelina Torres Soares Ribeiro, filha do barão de Inhoã e fazendeiro em Maricá, na então província do Rio de Janeiro.
Em 21 de agosto, daquele ano, foi eleito deputado por Pernambuco, para a última legislatura do Império, sem ir ao Recife e sem solicitar o apoio do eleitorado. Começava a se desiludir dos processos políticos no país e temia pela queda da Monarquia, a quem era fiel, embora procurasse liberalizá-la e não poupasse críticas à instituição e ao próprio Imperador.
Proclamação da República, em 15 de novembro de 1898, por conta do seu posicionamento em favor da Monarquia, Joaquim Nabuco recusa-se, embora solicitado, a postular uma cadeira na Assembléia Constituinte de 1891. Justificou sua posição no opúsculo Por que sou monarquista.
Surge, então, em 21 de junho de 1891, o Jornal do Brasil, fundado por Rodolfo Dantas, com a finalidade de bem informar a população e de defender, de forma moderada, a restauração da Monarquia. Joaquim Nabuco é convidado a ser colaborador. Foi quando também voltou à advocacia e abrindo escritório em sociedade com o conselheiro João Alfredo. Não foram bem sucedidos na profissão e um ano depois fecharam o escritório.
Em 1892, Joaquim Nabuco e Evelina Torres Soares Ribeiro viajam à Inglaterra onde ficam por alguns anos. Joaquim Nabuco decide voltar à frequentar a Igreja Católica, abandonada na juventude, comparecendo às cerimônias religiosas e se confessando. Data de 28 de maio de 1892, confissão na Capela de Nossa Senhora das Dores. A comunhão só aconteceria no Rio de Janeiro, em 22 de dezembro do mesmo ano. Quatro anos depois, Joaquim Nabuco lança o livro Minha Fé, que foi publicado em 1986 pela Fundação Joaquim Nabuco. Na publicação relata seu processo de conversão.
No auge das disputas entre monarquistas e republicanos, em 1895, escreveu o folheto, O dever dos monarquistas, em resposta a outro escrito pelo almirante Jaceguai, favorável ao novo regime intitulado O dever do momento.
Então, no dia 12 de janeiro 1896 é publicado mainifesto do Partido Monarquista, no recém-fundado Jornal do Commercio, tendo como signatários, além de Nabuco, os conselheiros João Alfredo, Lafaiete Pereira, o visconde de Ouro Preto, Afonso Celso e outros.
É quando tem início um período de intensa atividade intelectual por parte de Joaquim Nabuco. Os anos que seguem entre, mesmo antes, em 1893 até 1899, Nabuco não aceita os cargos nem encargos da República, dedicando-se às letras, escrevendo livros e artigos para jornais e revistas.
"Alguns livros foram escritos, inicialmente, para publicação de seus capítulos, como artigos, nos jornais e na Revista do Brasil. Estes livros, quase sempre de comentários políticos, foram Balmaceda (publicado em 1895) sobre a guerra civil no Chile e A intervenção estrangeira na Revolta de 1893 (publicado em 1896) onde, além de analisar o desenrolar da luta, faz confronto entre Saldanha da Gama, maior lider da Revolta, e Floriano Peixoto, que encarnava a legalidade. Também deste período é Um estadista do Império (1896), seu principal livro, em que analisa a vida do senador Nabuco de Araújo e a vida política, econômica e social do país durante a atuação do mesmo. Ainda desta época é o seu livro de memórias, intitulado Minha formação, publicado parcialmente na imprensa e reunido em livro em 1900", relata Manuel Correia.
Outras datas:
1896 - Participa da fundação da Academia Brasileira de Letras, que teve Machado de Assis como seu primeiro presidente e Joaquim Nabuco como secretário perpétuo.
25 de janeiro de 1896 - Ingressa no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
9 de março de 1899 - Aceita convite do governo da República para defender o Brasil na questão de limites com a então Guiana Inglesa de que seria árbitro o rei Victor Emanuel da Itália. Iniciou um processo de afastamento do grupo monarquista e a sua conciliação com a República.
Em março de 1900 - Com a morte de Sousa Correia, ministro brasileiro na Inglaterra, recebe o convite do gabinete do governo ocupar este lugar, passando a ser funcionário da República. Nabuco inicialmente aceitou ser "plenipotenciário em missão especial" deixando a chefia da legação com o encarregado de negócios.
Em agosto de 1900 - Aceita cargo de chefe da legação em Londres e tornou-se, finalmente, funcionário da República.
Em dezembro de 1900 - Durante banquete que lhe é oferecido, na cidade do Rio de Janeiro, faz o discurso considerado como a sua declarada adesão à República.
1903 - Publica-se em Paris o livro O direito do Brasil (1a. parte) em que Nabuco analisa as razões do Brasil na contenda com a Inglaterra, a respeito de uma área territorial fronteiriça com a Guiana Inglesa.
14 de junho de 1904 - O rei Victor Emanuel da Itália concede laudo arbitral na questão da Guiana Inglesa, dividindo o território disputado em duas partes - 3/5 para a Grã-Bretanha e 2/5 para o Brasil - o que foi considerado por todos, inclusive por Nabuco, como uma derrota para o Brasil.
1905 - Criada a Embaixada do Brasil em Washington, Nabuco foi nomeado embaixador do Brasil, apresentando suas credenciais ao presidente Teodoro Roosevelt, a 25 de maio. Como embaixador em Washington ligou-se muito ao governo norte-americano e defendeu uma política pan-americana, baseada na doutrina de Monroe. Também viajou bastante pelos Estados Unidos e proferiu dezenas de conferências em universidades americanas.
Julho de 1906 - Organizou a III Conferência Pan-americana, realizada no Rio de Janeiro, com a presença do secretário de Estado dos Estados Unidos.
Em 17 de janeiro de 1910 - Morre em Washington, Joaquim Nabuco, como embaixador, vencido por longo período de doença.
É a partir de 9 de agosto de 1948, às vésperas do centenário do nascimento do abolicionista e conselheiro, que a sede da Alepe recebeu o nome de Palácio Joaquim Nabuco. A indicação foi do deputado Tabosa de Almeida. E chegou a ser criticada por uma comissão parlamentar, segundo informações disponíveis no site da Assembléia Legislativa de Pernambuco, "o grupo alegava que o nome do abolicionista deveria ser dado a ruas, praças, prédios escolares e outros, mas não ao Poder Legislativo, uma vez que Nabuco não apoiava o Regime Republicano Democrático".
O resultado foi a aprovação, por maioria esmagadora, da medida proposta de Tabosa, tendo como argumento o fato de "Joaquim Nabuco ter sido um abolicionista destemido e incansável, de carreira política, diplomática e estadista brilhante, embora monarquista convicto".
fontes de informação:
http://www.fundaj.gov.br/docs/nabuco/jn.html
http://www.alepe.pe.gov.br/
terça-feira, 28 de agosto de 2007
Aviso no poste
Novo restaurante em Casa Amarela (será que será Bar?)
MODELO TIPO INSPIRAÇÃO
NOVIDADE:
está bem "nos finalmentes" a empreitada de transformar dessas casas "esquecidas" na Estada do Encanamento, em Restaurante. Tipo "casa de taipa que é um luxo"! Uma graça, fiquei curiosa e descobri até agora que o dono é chamado pelo mestre de obras de Antônio. Nem o número da nova "parada" posso revelar ainda. Só sei que é do lado direito da rua, para quem vai indo e está encarando as bandas de Casa Corte pela mão do Monteiro.
Logo depois do giradouro (é, nós também temos um, embora nenhum Carnaval que me venha à lembrança) das duas estradas: Encanamento e Arraial! Agora é aguardar para ir lá ver.
Logo depois do giradouro (é, nós também temos um, embora nenhum Carnaval que me venha à lembrança) das duas estradas: Encanamento e Arraial! Agora é aguardar para ir lá ver.
Aliás, com tudo o Projeto "Quarta di Samba", da Toca da Joana. O Grupo Sonora Madeira com show adorável e repertório de sambas clássicos mais as composições próprias. Adorei a canção que "delibera" o destino de Arlequim. (vi no dia 15/08, espetáculo)
O Bar Toca da Joana fica na Rua Conselheiro Nabuco, 21
Couvert: R$ 5
Informações: (81) 3077 0773
Roda de Boteco em Casa Amarela
Toca da Joana - prato: Vaca Atolada
Rua Conselheiro Nabuco, 21, em Casa Amarela.Telefone: 3077.0773
Antiquário - Prato: Filé AntiquárioAntiquário
R. da Harmonia, 65, Casa Amarela - 3265-6784. R. do Cupim, 250, Graças - 3244-0152.
Bar da Geralda - Prato: Carne de Sol com Batata Frita
Praça do Morro da Conceição, 486, Casa Amarela - 3442-1382.
Toca da Joana - prato: Vaca Atolada
Rua Conselheiro Nabuco, 21, em Casa Amarela.Telefone: 3077.0773
Antiquário - Prato: Filé AntiquárioAntiquário
R. da Harmonia, 65, Casa Amarela - 3265-6784. R. do Cupim, 250, Graças - 3244-0152.
Bar da Geralda - Prato: Carne de Sol com Batata Frita
Praça do Morro da Conceição, 486, Casa Amarela - 3442-1382.
domingo, 26 de agosto de 2007
azul do céu de manhãzinha...
Crônica para Casa Amarela
Eu e o Grilo Falante
Hoje termina o Festival de Literatura. O meu amor por Casa Amarela não me permite outra coisa nessa manhã de domingo, senão dar - lhe de presente uma crônica-fábula:
Eu: sempre tive certeza de que em outras vindas do espírito na terra, eu fora uma baleia. Ainda me sinto como uma às vezes. São as criaturas mais evoluídas que tenho conhecimento. Falo sem qualquer modéstia ou ressentimento. Ser evoluído tem um lado com o qual não, exatamente, a gente pode lidar. Digo isso, porque, não sei se já ouviu falar, elas têm uma enorme capacidade de comunicação dos bandos. Ainda assim, vez por outra, uma delas usa seu “persuasivo” método de encalhar na área, na sua revolta muda de pedregulho com os humanos.
Aí, diante de uma tela com luz, e pergunto, você se comove com a notícia? Porque eu logo percebo minha melancolia costumeira se agigantar de um jeito de não deixar espaço para mais nada, senão de sufocar em silêncio, ou me dar de um jeito impulsivamente repetitivo: “toda vez que uma baleia vem até à praia, tenho certeza que surpreendeu – se com o nada que existe depois do mar. Bateu na areia e seu destino agora é virar pó por vir atrás de algum humano ainda sensível em fazer bem ao planeta”.
Conheci o Grilo Falante, enquanto Baleia. Estava encalhada em algum espaço de tempo do meu destino. As coisas simplesmente haviam parado. E eu não dava conta nem importância de faze – las moverem – se novamente. Vi o Grilo agitado num canto de tanto tédio. Tédio profundo. Descrença, apatia e desamor por dentro. Exasperação, angústia, pressa, compulsão por fora.
Estava mesmo grilado o tão Grilo Falante. E seco, em suas perninhas sonoras que ao bater uma à outra estalavam um barulho crac-cínico-embrulhado. Desespero. Com algum alcance da felicidade nisso. Mesmo que apenas em cenários secos de eximir lavouras e destruir belas plantações verdes. Não, o Grilo não arriscaria sem o invólucro de uma baleia conhecer o mar...
Parece que a aventura de também acender fogo no interior de um animal tão grande sem que as labaredas fizessem qualquer estrago, também impressionou muito o Grilo. Despiu – se da cartola, meio fraque e bengala. Ao menos. Agora, usa roupas da cor do mar mediterrâneo e até calça sandálias. Logo, ao invés de viver aos vôos de folha em folha, arriscará suas delicadas e finas patas tão sequinhas, ai de mim, na areia.
O Grilo: perdi também a compulsão em falar? Bom, isso já não é bom sinal para você. Grilo precisa parar de perguntar a si mesmo se vai dar para crer numa condição de mudança. Ora, se não são insetos também a lagarta, a cigarra e a esperança? O primeiro passo é afastar a sua condição de Grilo do que existir em semelhança com a barata. E, na verdade, não existe nenhuma. Só é preciso reconhecer que nessa convivência com a baleia, o primeiro aprendizado foi o do espaço.
Sim, talvez essa seja uma das maiores – sem ironias – explicações para a condição evoluída da baleia. Somente um gigante aprende o cuidado de lidar com o espaço. Mesmo adiam até o momento de entender morrendo na areia.
sábado, 25 de agosto de 2007
NO SÍTIO DA TRINDADE - A partir das 16 horas, no Sítio da Trindade, a Prefeitura do Recife promove o espetáculo "OLHA O FREVO!". Entrada Gratuita.
HOJE: apresentação do esétáculo da Companhia Pernambuco no Passo, que conta a história do ritmo de Pernambuco, "de forma divertida e lúdica". Como surgiu o frevo "Vassourinhas" pelas ruas, ladeiras e becos. Uma mostra da energia dos que admiram e preservam o Frevo de Bloco. Uma "modalidade" caracterizada pelo gosto pela nostalgia e evocação. A nossa seresta de rua, acompanhada por uma orquestra de Pau e Cordas, com participação de um coral feminino pela cidade, incluindo as mulheres no espaço do Carnaval de rua.
Serviço:
Espetáculo Olha o Frevo!
Hoje, domingo (26), a partir das 16h
Sítio Trindade, 3259, bairro de Casa Amarela
Informações: 3232-4180
Entrada gratuita
SESC de Casa Amarela
Biblioteca Popular de Casa Amarela
Com um acervo de 14.000 publicações, entre livros didáticos, técnicos, universitários, crônicas, biografias, literatura brasileira e clássicos da literatura universal em todos os gêneros, ficção infantil e juvenil, livros de arte, filosofia e outras áreas do conhecimento.
Além dos volumes de Referência como Enciclopédias, dicionários, almanaques e periódicos - com assinaturas dos três jornais locais, jornal de concursos, revistas de circulação semanal e outros títulos especiais.
O acesso a todo esse material é livre, com o objetivo de pesquisa local e até empréstimo para os inscritos que se responsabilizarem pela documentação de arquivo, claro com cadastro prévio, que é franqueado a qualquer pessoa.
Sempre promovendo oficinas, palestras e debates. No seu horário de funcionamente e em programações especiais. A Biblioteca de Casa Amarela, está aberta de segunda à sexta - feira, das 8h às 17h.
Serviço:
Rua Major Afonso Leal, s/n, Casa Amarela.
Telefone 3232- 4411, das 8h às 17h.
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
AGORA VAI!!!! é o novo slogan
O REI DOS PASTÉIS - virou "O Rei dos Pastéis Recheados 43 sabores e "bebidas".
Slogan: "o melhor da região" - está de volta. Com nova máxima: AGORA VAI!!! Quatro tipos de queijo, à escolha, com inúmeras variações. Novo cardápio. Só os preços são das antigas. Um recheado de prato com sabor pizza (presunto, frango, carne e a atração da iguaria) sai pela bagatela de dois reais e trinta centavos. E por aí vai. Coxinha de galinha, a um e cinquenta somente. E as celadas tão na mesma, antártica dois reais, skol dois e vinte e a latinha "um e meio real".
CLARO: SÓ PODIA SER EM CASA AMARELA.
ENTREGA "DELIVERY" 32672134
CLARO: SÓ PODIA SER EM CASA AMARELA.
ENTREGA "DELIVERY" 32672134
O Bairro de Casa Amarela
Casa Amarela tem o mercado, tem o sítio da trindade e tem a igreja da harmonia. Já teve o morro da conceição, Alto Zé do Pinho e outros. Fica na zona norte do Recife e já foi o mais populoso bairro da capital pernambucana. A povoação tem origem nas investidas
holandesas pelos arredores do chamado Arraial Velho do Bom Jesus.
Nome tão antigo como sua própria história. Casa Amarela era também, o "fim da linha". Aqui ficava o terminal de uma das linhas de bonde do Recife. A dita cuja acabava no sítio, do português Joaquim dos Santos Oliveira. Como na história do surgimento da localidade criada pela família de Anna Paes, modou - se para longe da região portuária a conselho médico, para tratamento de uma tuberculose. Não se sabe se por promessa, logo que ficou "bom" da doença, seu Joaquim mandou pintar a casa de ocre. Foi assim fque o lugar do final da linha do bonde, ganhou o codinome de casa amarela.
Em 1988, o bairro deixou de ser o mais populoso e foi "desconectado" de localidades como Poço da Panela, Morro da Conceição (e não tem quem pelo menos na fala não se recuse a incorporar a idéia), Vasco da Gama, Nova Descoberta, bairro da Tamarineira, Macaxeira, Mangabeira e Alto José do Pinho. Praticamente toda área de morros, à exceção do Alto Santa Isabel. A decisão desmembrou o bairro original deixando somente os arredores do mercado, com seu centro histórico e comercial.
De volta às origens.
A Casa Amarela surgiu ainda lá pras bandas de 1630. Quando o general Matias de Albuquerque ordenou a construção do Forte Real do Bom Jesus. O obstinado general fez isso para o “proteger o interior de Pernambuco contra os invasores holandeses”. Nas vizinhança do forte, não demorou a surgir o arraial onde, além de tropas do exército, acamparam muitas pessoas que haviam abandonado suas casas quando os holandeses ocuparam Olinda e Recife. E, conseqüentemente, o bonde.
Tod@s sabem que os holandeses não deram mole por aqui. Não é por acaso que a maior avenida dessa área marca a data da histórica batalha onde morreram muitos. Quem nunca ouviu falar sobre combate de 17 de agosto de 1645? Episódio que ficou conhecido como a Batalha de Casa Forte, e uma das mais notáveis vitórias pernambucanas na guerra contra o domínio holandês, com a forte atuação e interferência de uma extraordinária mulher. É de enorme satisfação citá - la de novo: Anna Gonsalves Paes de Azevedo. Luzilá Ferreira Gonçalves conta com muita propriedade e paixão a história dessa nossa mártir no romance histórico A Garça Mal Ferida (Editora Nova Presença).
E lá vai o parênteses:
(Anna tem data de nascimento estimada em 1617. Era filha dos portugueses Jerônimo Paes de Azevedo e Izabel Gonsalves Paes, donos de um dos mais ricos e importantes engenhos da várzea do Capibaribe. Casou - se três vezes, a primeira adolescente, porque aos 18 anos ficou viúva do capitão Pedro Correia da Silva, a segunda em 1637, com o capitão do exército holandês Carlos de Tourlon, com quem teve Isabel de Tourlon. Por causa da decisão do Conde Maurício de Nassau de mandar o capitão Tourlon de volta para a Holanda. E acabou morrendo (e teve ter sido pelo enorme desgosto). Depois de atestada morte do capitão, Anna, mulher forte e apaixonada pela vida, casou - se então pela terceira vez, em 1645, com Gilberto de With, conselheiro de justiça do governo holandês. Com ele teve dois filhos: Kornelius e Elizabeth. Aí vem todo aquele sofrimento de ter os imóveis confiscados com expulsão dos batavos. Ela que era casada com holandês e mãe de três filhos batizados na religião do marido, não teve outra escolha senão embarcar com a família em 1654, para a Holanda. Foi no engenho de Anna Paes que aconteceu a Batalha de Casa Forte).
Bom mas isso foi lá pra's bandas de Casa Forte, que ainda resistiu até quase 1949. O velho Arraial já havia caído em 1635 e estava arrasado dez anos depois. Com a expulsão dos holandeses em 1649, os "habitantes" foram aos poucos retornando e reformando as casas destruídas. Ergueram novas. E foi assim que começou o Arraial Velho. Esse Arraial Velho do Bom Jesus que ficava no lugar onde hoje está o Sítio da Trindade.
A formação do bairro de Casa Amarela passou, também, pelo final do século dezoito, quando os Engenhos Casa Forte e Monteiro foram desativados e as terras que a eles pertenciam foram divididas em vários sítios. Já a ocupação dos vários morros que integraram o bairro se deu a partir do início do século vinte, uma vez que famílias grandes proprietárias de terras foram loteando. Ao longo dos anos, essas terras foram objeto de desapropriações nem sempre realizadas de forma pacífica.
Entre os anos setenta e oitenta, o negócio por aqui quase pegou fogo de novo, na luta pela terra. Quem estava à frente era o movimento denominado Terra de Ninguém. Até no nome com uma visão de meta um tanto diferente do Movimento dos Sem Terra. Bom, mesmo assim, tudo isso ainda nos faz lembrar que estamos na idade da pedra. Ou da vida sem paz, sem calma, sem alma, sem chão, sem pão, com fome e de uma violência sem nome.
Dias de hoje
Segundo o Censo do IBGE, em 2000 o bairro de Casa Amarela tinha uma população de 25.543 habitantes. Um área total de 185 hectares. E uma média de 138 habitantes por hectar. Sinceramente, me recuso a aceitar um 1/4 de ser humano. O fato é que com essa média, Casa Amarela não é mais o bairro mais populoso do Recife. Foi perdendo o título e condição, a partir de 1988 quando "o decreto nº 14.452 autorizou o poder municipal a tornar algumas de suas áreas em bairros autônomos".
Foram desmembrados de Casa Amarela, entre outros, o Morro da Conceição. Espia, mesmo!
Justo o morro da conceição. Uma marca desse povo daqui. Pode fazer uma pesquisa, a maioria do povo que sobe o morre no dia 8 de dezembro e acende velas para Nossa Senhora da Conceição, diz logo: eu sou de casa amarela. À exceção claro, dos cada vez mais numerosos políticos. Estes, a gente sabe, são de todos os lugares...
Bom, o negócio aqui é resgate da história. O lugar onde hoje é o morro da conceição foi chamado no século dezessete de outeiro do Bagnuolo, uma referência ao Conde de Bagnuolo, um italiano de Nápoles, engajado em tropas que partiram de Salvador para defender pernambuco dos invasores, idealizou uma fortaleza de defesa perto do Arraial Velho do Bom Jesus, essa fortaleza sequer chegou a ser construída. Embora compreendida como tal. A título de "estar dando condições de combate às tropas", num lugar com mais de quarenta pés de altura. (Ahã)... Uma figura o tal Conde.
Merece outro parênteses:
(Giovanni Vincenzo di San Felice, Conde de Bagnuolo, nasceu em Nápoles, no ano de 1575 e morreu em Salvador, a 26 de agosto de 1640. Por tanto, tinha 65 anos de idade. Militar italiano, Bagnuolo entrou para o serviço da Coroa da Espanha num regimento de soldados napolitanos.
Nas primeiras Invasões holandesas ao Brasil, em 1625, Salvador. Foi enviado à Capitania de Pernambuco em 1631 para reforçar as tropas de Matias de Albuquerque. Antes, ainda, teria desembarcado em Alagoas, de onde rumou para o norte, defendendo o Cabo de Santo Agostinho.
Assumiu o comando da tropa após a morte do comandante espanhol Luís de Rojas y Borja, criou o forte que nunca existiu (o tal Outeiro de Bagnuolo) e em território digamos "amarelo"! fez juz ao espírtito que de que o bom mesmo é estar vivo. Abandonou a batalha e se refugiou em Porto Calvo. De lá para Sergipe e depois Bahia, onde finalmente vingou - se dos holandeses e depois, vitorioso, voltou a Pernambuco, retomando a luta contra os holandeses. Mas na sucessão das batalhas, já no ano de 1640, teve que voltar à Bahia, e acabou morrendo naquele mesmo ano.
A história não é muito justa com o tal Conde, dizem que na partida em disparada, quando Nassau apontou donde dava a vista com 2.000 homens de tropas. Bagnuolo teria deixado três canhões de bronze, de presente para os batavos. Pelo menos é o que reza a lenda.
O fato é que, com a vitória sobre os holandeses, o Matias de Albuquerque resolveu chamar o lugar de Outeiro de Bagnuolo, em lembrança a seu nome. Em 1900, a área ganhou nome de Outeiro da Bela Vista. O nome morro da conceição é de 1904, por ordem do bispo do Recife, Dom Luís Raimundo da Silva Brito, que mandou erguer o monumento em homenagem a Nossa Senhora da Conceição. Altar construído em Portugal, em comemoração aos 50 anos da Imaculada Conceição, que foi instalado ali ao lado da capela em estilo gótico, além de aberta a estrada de acesso ao morro.
Senhora da Conceição, minha mãe, minha rainha
Desde o dia 8 de dezembro de 1904, que uma multidão vai ao local. A data teve que ser transformada feriado municipal.
Monumento
A Imagem de Nossa Senhora da Conceição, vinda "por trás dos montes e d'além mar" tem cinco metro e meio de altura e pesa quase duas toneladas. Representa Maria Santíssima, vestida de branco, envolvida em um manto azul, de pé sobre o globo terrestre, com as mãos unidas em oração e uma cobra sendo esmagada pelos pés. O rosto é virado para a capela que ali foi construída. Em 1906, depois substituída. Nossa Senhora da Imaculada Conceição tem dali uma visão privilegiada. Alias, qualquer um que vá ao morro, além da belíssima imagem da santa. Contempla cenários de várias partes do Recife. E cria, apesar da importância que tem para o povo e a história recifense, o conjunto (imagem e capela) ainda não é tombado pelo Patrimônio Histórico.
Festa do Morro
Todos os anos, em 29 de novembro, é realizada a procissão da bandeira, que leva pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição e uma bandeira alusiva à mesma.
Quando o monumento pertencia à paróquia do Bom Jesus do Arraial, a procissão saía sempre de sua matriz. Com a elevação a paróquia, essa procissão passou a sair de pontos diferentes a cada ano. É realizada uma novena, que termina no dia 7 de dezembro.
No dia 8, são celebradas missas, a partir das 4 horas da madrugada, culminando com outra procissão, no final da tarde.
Festa profana
Até 1959, o pátio do Morro da Conceição era palco de uma grande festa profana, com brinquedos infantis e adultos, barracas com comidas típicas etc. Grande multidão acorria ao local durante os dias que antecediam a festa da Conceição. Com um acidente naquele ano, que promoveu correria e pânico no local cheio de gente, procando até mortes. O pároco Monsenhor Teobaldo de souza Rocha da paróquia do Bom Jesus do Arraial, empenhou-se junto às autoridades para retirar do morro a festa profana, festejos que agora têm lugar na Avenida Norte e no Largo Dom Luís.
Até 1974, o Morro da Conceição pertencia ao bairro de Casa Amarela. Com a reestruturação dos bairros do Recife, foi elevado à categoria de bairro ele mesmo. E segundo censo do IBGE, de 2000, a população do morro é de 10.142 habitantes. Com uma área de quase quarenta e um hectares. A dita densidade demográfica chega a 248 habitantes por hectare, e aqueles idefectíveis quebrados.
Bom, vamos então agora, lembrar que é graças ao Sítio da Trindade que o bairro de Casa Amarela existe. O sítio histórico tem cerca de seis e meio hectares de área verde, com um chalé de seiscentos metros quadrados, hoje sede de atividades e programações culturais desenvolvidas pela Prefeitura. A área do Sítio também serve de palco às festas do São João, Natal, como autos natalinos e apresentação de pastoris, e tem até feira de hortifrutigranjeiros, sem agrotóxicos.
Pro final, ficou a melhor parte da história. Os tempos de glória do Sítio da Trindade. Tempo em que esse forte do Arraial Velho do Bom Jesus era sinal de resistência contra os invasores. E que por isso atraiu um número tão grande de moradores, comerciantes e foram surgindo as lojas, e barracas e pontos de negócios, até um oratório. O terreno do Arraial Velho foi reocupado, passando às mãos da família Trindade Paretti, e o local passou a ser, então, Sítio da Trindade, por causa desse bonito sobrenome da família. Já pensou: Sítio Paretti ? Ganhou Trindade!
Bem, no ano de 1952, o Sítio da Trindade (mesmo) foi desapropriado e declarado como um bem de utilidade pública. E em 17 de junho de 1974, classificado como um conjunto paisagístico e tombado pelo Iphan - Instituto do Patrimônio Artístico Nacional.
holandesas pelos arredores do chamado Arraial Velho do Bom Jesus.
Nome tão antigo como sua própria história. Casa Amarela era também, o "fim da linha". Aqui ficava o terminal de uma das linhas de bonde do Recife. A dita cuja acabava no sítio, do português Joaquim dos Santos Oliveira. Como na história do surgimento da localidade criada pela família de Anna Paes, modou - se para longe da região portuária a conselho médico, para tratamento de uma tuberculose. Não se sabe se por promessa, logo que ficou "bom" da doença, seu Joaquim mandou pintar a casa de ocre. Foi assim fque o lugar do final da linha do bonde, ganhou o codinome de casa amarela.
Em 1988, o bairro deixou de ser o mais populoso e foi "desconectado" de localidades como Poço da Panela, Morro da Conceição (e não tem quem pelo menos na fala não se recuse a incorporar a idéia), Vasco da Gama, Nova Descoberta, bairro da Tamarineira, Macaxeira, Mangabeira e Alto José do Pinho. Praticamente toda área de morros, à exceção do Alto Santa Isabel. A decisão desmembrou o bairro original deixando somente os arredores do mercado, com seu centro histórico e comercial.
De volta às origens.
A Casa Amarela surgiu ainda lá pras bandas de 1630. Quando o general Matias de Albuquerque ordenou a construção do Forte Real do Bom Jesus. O obstinado general fez isso para o “proteger o interior de Pernambuco contra os invasores holandeses”. Nas vizinhança do forte, não demorou a surgir o arraial onde, além de tropas do exército, acamparam muitas pessoas que haviam abandonado suas casas quando os holandeses ocuparam Olinda e Recife. E, conseqüentemente, o bonde.
Tod@s sabem que os holandeses não deram mole por aqui. Não é por acaso que a maior avenida dessa área marca a data da histórica batalha onde morreram muitos. Quem nunca ouviu falar sobre combate de 17 de agosto de 1645? Episódio que ficou conhecido como a Batalha de Casa Forte, e uma das mais notáveis vitórias pernambucanas na guerra contra o domínio holandês, com a forte atuação e interferência de uma extraordinária mulher. É de enorme satisfação citá - la de novo: Anna Gonsalves Paes de Azevedo. Luzilá Ferreira Gonçalves conta com muita propriedade e paixão a história dessa nossa mártir no romance histórico A Garça Mal Ferida (Editora Nova Presença).
E lá vai o parênteses:
(Anna tem data de nascimento estimada em 1617. Era filha dos portugueses Jerônimo Paes de Azevedo e Izabel Gonsalves Paes, donos de um dos mais ricos e importantes engenhos da várzea do Capibaribe. Casou - se três vezes, a primeira adolescente, porque aos 18 anos ficou viúva do capitão Pedro Correia da Silva, a segunda em 1637, com o capitão do exército holandês Carlos de Tourlon, com quem teve Isabel de Tourlon. Por causa da decisão do Conde Maurício de Nassau de mandar o capitão Tourlon de volta para a Holanda. E acabou morrendo (e teve ter sido pelo enorme desgosto). Depois de atestada morte do capitão, Anna, mulher forte e apaixonada pela vida, casou - se então pela terceira vez, em 1645, com Gilberto de With, conselheiro de justiça do governo holandês. Com ele teve dois filhos: Kornelius e Elizabeth. Aí vem todo aquele sofrimento de ter os imóveis confiscados com expulsão dos batavos. Ela que era casada com holandês e mãe de três filhos batizados na religião do marido, não teve outra escolha senão embarcar com a família em 1654, para a Holanda. Foi no engenho de Anna Paes que aconteceu a Batalha de Casa Forte).
Bom mas isso foi lá pra's bandas de Casa Forte, que ainda resistiu até quase 1949. O velho Arraial já havia caído em 1635 e estava arrasado dez anos depois. Com a expulsão dos holandeses em 1649, os "habitantes" foram aos poucos retornando e reformando as casas destruídas. Ergueram novas. E foi assim que começou o Arraial Velho. Esse Arraial Velho do Bom Jesus que ficava no lugar onde hoje está o Sítio da Trindade.
A formação do bairro de Casa Amarela passou, também, pelo final do século dezoito, quando os Engenhos Casa Forte e Monteiro foram desativados e as terras que a eles pertenciam foram divididas em vários sítios. Já a ocupação dos vários morros que integraram o bairro se deu a partir do início do século vinte, uma vez que famílias grandes proprietárias de terras foram loteando. Ao longo dos anos, essas terras foram objeto de desapropriações nem sempre realizadas de forma pacífica.
Entre os anos setenta e oitenta, o negócio por aqui quase pegou fogo de novo, na luta pela terra. Quem estava à frente era o movimento denominado Terra de Ninguém. Até no nome com uma visão de meta um tanto diferente do Movimento dos Sem Terra. Bom, mesmo assim, tudo isso ainda nos faz lembrar que estamos na idade da pedra. Ou da vida sem paz, sem calma, sem alma, sem chão, sem pão, com fome e de uma violência sem nome.
Dias de hoje
Segundo o Censo do IBGE, em 2000 o bairro de Casa Amarela tinha uma população de 25.543 habitantes. Um área total de 185 hectares. E uma média de 138 habitantes por hectar. Sinceramente, me recuso a aceitar um 1/4 de ser humano. O fato é que com essa média, Casa Amarela não é mais o bairro mais populoso do Recife. Foi perdendo o título e condição, a partir de 1988 quando "o decreto nº 14.452 autorizou o poder municipal a tornar algumas de suas áreas em bairros autônomos".
Foram desmembrados de Casa Amarela, entre outros, o Morro da Conceição. Espia, mesmo!
Justo o morro da conceição. Uma marca desse povo daqui. Pode fazer uma pesquisa, a maioria do povo que sobe o morre no dia 8 de dezembro e acende velas para Nossa Senhora da Conceição, diz logo: eu sou de casa amarela. À exceção claro, dos cada vez mais numerosos políticos. Estes, a gente sabe, são de todos os lugares...
Bom, o negócio aqui é resgate da história. O lugar onde hoje é o morro da conceição foi chamado no século dezessete de outeiro do Bagnuolo, uma referência ao Conde de Bagnuolo, um italiano de Nápoles, engajado em tropas que partiram de Salvador para defender pernambuco dos invasores, idealizou uma fortaleza de defesa perto do Arraial Velho do Bom Jesus, essa fortaleza sequer chegou a ser construída. Embora compreendida como tal. A título de "estar dando condições de combate às tropas", num lugar com mais de quarenta pés de altura. (Ahã)... Uma figura o tal Conde.
Merece outro parênteses:
(Giovanni Vincenzo di San Felice, Conde de Bagnuolo, nasceu em Nápoles, no ano de 1575 e morreu em Salvador, a 26 de agosto de 1640. Por tanto, tinha 65 anos de idade. Militar italiano, Bagnuolo entrou para o serviço da Coroa da Espanha num regimento de soldados napolitanos.
Nas primeiras Invasões holandesas ao Brasil, em 1625, Salvador. Foi enviado à Capitania de Pernambuco em 1631 para reforçar as tropas de Matias de Albuquerque. Antes, ainda, teria desembarcado em Alagoas, de onde rumou para o norte, defendendo o Cabo de Santo Agostinho.
Assumiu o comando da tropa após a morte do comandante espanhol Luís de Rojas y Borja, criou o forte que nunca existiu (o tal Outeiro de Bagnuolo) e em território digamos "amarelo"! fez juz ao espírtito que de que o bom mesmo é estar vivo. Abandonou a batalha e se refugiou em Porto Calvo. De lá para Sergipe e depois Bahia, onde finalmente vingou - se dos holandeses e depois, vitorioso, voltou a Pernambuco, retomando a luta contra os holandeses. Mas na sucessão das batalhas, já no ano de 1640, teve que voltar à Bahia, e acabou morrendo naquele mesmo ano.
A história não é muito justa com o tal Conde, dizem que na partida em disparada, quando Nassau apontou donde dava a vista com 2.000 homens de tropas. Bagnuolo teria deixado três canhões de bronze, de presente para os batavos. Pelo menos é o que reza a lenda.
O fato é que, com a vitória sobre os holandeses, o Matias de Albuquerque resolveu chamar o lugar de Outeiro de Bagnuolo, em lembrança a seu nome. Em 1900, a área ganhou nome de Outeiro da Bela Vista. O nome morro da conceição é de 1904, por ordem do bispo do Recife, Dom Luís Raimundo da Silva Brito, que mandou erguer o monumento em homenagem a Nossa Senhora da Conceição. Altar construído em Portugal, em comemoração aos 50 anos da Imaculada Conceição, que foi instalado ali ao lado da capela em estilo gótico, além de aberta a estrada de acesso ao morro.
Senhora da Conceição, minha mãe, minha rainha
Desde o dia 8 de dezembro de 1904, que uma multidão vai ao local. A data teve que ser transformada feriado municipal.
Monumento
A Imagem de Nossa Senhora da Conceição, vinda "por trás dos montes e d'além mar" tem cinco metro e meio de altura e pesa quase duas toneladas. Representa Maria Santíssima, vestida de branco, envolvida em um manto azul, de pé sobre o globo terrestre, com as mãos unidas em oração e uma cobra sendo esmagada pelos pés. O rosto é virado para a capela que ali foi construída. Em 1906, depois substituída. Nossa Senhora da Imaculada Conceição tem dali uma visão privilegiada. Alias, qualquer um que vá ao morro, além da belíssima imagem da santa. Contempla cenários de várias partes do Recife. E cria, apesar da importância que tem para o povo e a história recifense, o conjunto (imagem e capela) ainda não é tombado pelo Patrimônio Histórico.
Festa do Morro
Todos os anos, em 29 de novembro, é realizada a procissão da bandeira, que leva pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição e uma bandeira alusiva à mesma.
Quando o monumento pertencia à paróquia do Bom Jesus do Arraial, a procissão saía sempre de sua matriz. Com a elevação a paróquia, essa procissão passou a sair de pontos diferentes a cada ano. É realizada uma novena, que termina no dia 7 de dezembro.
No dia 8, são celebradas missas, a partir das 4 horas da madrugada, culminando com outra procissão, no final da tarde.
Festa profana
Até 1959, o pátio do Morro da Conceição era palco de uma grande festa profana, com brinquedos infantis e adultos, barracas com comidas típicas etc. Grande multidão acorria ao local durante os dias que antecediam a festa da Conceição. Com um acidente naquele ano, que promoveu correria e pânico no local cheio de gente, procando até mortes. O pároco Monsenhor Teobaldo de souza Rocha da paróquia do Bom Jesus do Arraial, empenhou-se junto às autoridades para retirar do morro a festa profana, festejos que agora têm lugar na Avenida Norte e no Largo Dom Luís.
Até 1974, o Morro da Conceição pertencia ao bairro de Casa Amarela. Com a reestruturação dos bairros do Recife, foi elevado à categoria de bairro ele mesmo. E segundo censo do IBGE, de 2000, a população do morro é de 10.142 habitantes. Com uma área de quase quarenta e um hectares. A dita densidade demográfica chega a 248 habitantes por hectare, e aqueles idefectíveis quebrados.
Bom, vamos então agora, lembrar que é graças ao Sítio da Trindade que o bairro de Casa Amarela existe. O sítio histórico tem cerca de seis e meio hectares de área verde, com um chalé de seiscentos metros quadrados, hoje sede de atividades e programações culturais desenvolvidas pela Prefeitura. A área do Sítio também serve de palco às festas do São João, Natal, como autos natalinos e apresentação de pastoris, e tem até feira de hortifrutigranjeiros, sem agrotóxicos.
Pro final, ficou a melhor parte da história. Os tempos de glória do Sítio da Trindade. Tempo em que esse forte do Arraial Velho do Bom Jesus era sinal de resistência contra os invasores. E que por isso atraiu um número tão grande de moradores, comerciantes e foram surgindo as lojas, e barracas e pontos de negócios, até um oratório. O terreno do Arraial Velho foi reocupado, passando às mãos da família Trindade Paretti, e o local passou a ser, então, Sítio da Trindade, por causa desse bonito sobrenome da família. Já pensou: Sítio Paretti ? Ganhou Trindade!
Bem, no ano de 1952, o Sítio da Trindade (mesmo) foi desapropriado e declarado como um bem de utilidade pública. E em 17 de junho de 1974, classificado como um conjunto paisagístico e tombado pelo Iphan - Instituto do Patrimônio Artístico Nacional.
É por isso, que depois de ler num site de arquitetura e especulação imobiliária a máxima de que “Dize-me onde moras e te direi quem és”. Dá para afirmar com mais orgulho: Sou de CasAmarela!
E esse jornal é o púlpito, lugar sagrado, onde a criativa, batalhadora, pulsante população desse bairro tão querido, se expressa.
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Estréia - Yellow House news
Editoral : estréia do Yellowhouse news, porque como os baianos, jornal assim não nasce...
Moradora de Aldeia, ainda com cabelos castanhos lisos caindo nos olhos, ligeiramente estrábicos, tinha uma vizinha chamada "Claudiah". Era chamada assim pelo irmão e pais chilenos. Morava há uns mil e duzentos metros de mim. Bem pertinho. (É caríssim@s, morar em sítio é assim: qualquer porteira dá mais de "1/2km"). Ainda bem que com perninhas de siriema, ou gazela - como apelidou Mário Hélio, na época da Unicap - não levavam minuto pra chegar lá. Andava tipo, A "20km"! e isso na canela até que vale a conta.
Então... Cláudia tinha uma máquina de escrever, dessas portáteis, claro. Os distint@s façam aí os cálculos. Eu era menina até 1980/84. O pai de Cláudia, um intelectual - como dizia o meu. Professor universitário, já tinha trocado a 'querida hemingway" por uma "dessas mais versões mais modernas... um máquina eletrônica!
E os pais de Cláudia e Francisco, como os meus, trabalhavam muito. Às vezes só faziam parte da paisagem, lá pra's sete horas da noite. Ela levava a "baby" para gente "brincar".
Era um modelo chamado "Hermes Baby". Criado por Giuseppe Preziosa. (E "preziosa" era a própria!). Chegava por volta dàs três da tarde, lá na "granja". Curiosamente, é assim que a minha família chama a chácara até os dias de hoje, embora não haja por lá um pé de galinha.
Mas voltando a Preziosa. Aquele tipo de portátil foi "gerado" mais de um século depois, que Moise Paillard fundou sua companhia (em 1814). Fabricava caixinhas de música até se juntar à família Thoren e revolucionar o mercado daquela Era Industrial, com fonógrafos, gramofones, motores de relógios e... máquinas de escrever!
Me diz o senhor "Google" que data de 1935 o lançamento da Preziosa por decisão da Paillard. A "querida" - e aqui a palavra se emprega em tom diferente do que sai das bocas fofas - se tornaria a mais conhecida máquina de escrever da sua época batizada como "Hermes Baby". Reza a lenda, dessas de verdade, passou a ser adotada - e aqui a palavra cabe bem - por figuras como John Steinbeck e : Ernest Hemingway! Tá explicado porque ganhou, por aqui, o apelido de "hemingway".
Tínhamos uma tarde toda de trabalho, até escurecer na "torre da piscina" (na verdade uma caixa d'água que minha mãe, muito romântica e estilista, transformou na Torre de Rapunzel. Aliás, como se trata da visão mais evidente no cenário da chácara, o que minha família chama de "granja", a vizinhança identificou "da chácara com uma torre". Muito mais bacana, não? Mas é sempre assim, a gente tem muita distância com as palavras. E aí vale o provérbio: "palavras loucas, orelhas moucas". A gente vai deixando pra lá o significado mais "na ponta dos dedos" dessas pérolas e depois precisa de uma montanha de livro para ir buscar o melhor uso.
Bom, mas voltando à torre de Rapunzel... o lugarzinho reservado do hectar bem planejado pelos meus pais é o mais inspirador do lugar. A construção tem a escada de ferro em caracol e janela em arco e vista para a piscina. Lá, os primeiros momentos com a Hemingway, (eu nunca chamei de Hermes ou Baby! e só agora virou Preziosa), foram pequenos contos de meninas e suas "asas de borboleta". Não era para menos, uma vista daquela altura!. Mas Cláudia, a mais pramática, não queira "perder tempo" porque haviam "muitas notícias" (e é?) esperando para ser contadas pelas duas meninas "batutinhas", foi o que disse o pai de Cláudia... (Vixe, agora enchi os olhos d'água - recupero).
Pois bem, decidimos criar o jornal:
"As Batutinhas". Yes!!!
Meninas com uma varinha cheia de teclas na mão. Nós! As maestrinas. Nossa missa era simples: informávamos no vespertino, os locais das partidas de vôlei do final de semana, das reuniões da Associação da Chã da Peroba e ainda criticávamos em "reportagem extra" a velocidade com que passavam pelas ruas de barro, naquela época ainda esburacadas por qualquer chuva fina, dos caminhões, estes sim, carregados de penosas, da verdadeira granja da localidade, "Sítio dos Pintos". O irresponsável e egoísta empresário daquela localidade era invariavelmente vaiado por nós, crianças da Chã, quando passava de nariz para cima no seu carro também apressado.
O jornal teve vida longa. Uns seis meses! Cláudia e Eu começamos a caprichar mesmo na "diagramação" e nossos pais passaram a reclamar da quantidade de xérox que tinham que bancar. Chegou a 50 exemplares! Yes!!! Para minha tristeza, e alegria de Cláudia que tinha muita saudade do Chile, o jornal teve que ser interrompido pela viagem de volta pra casa.
Cada uma de nós ganhou seu destino. O mais engraçado é que foram destinos exatamente iguais. Passamos no vestibular do curso de jornalismo e direito. Abandonamos o segundo e concluímos o primeiro, ambas já empregadas. Por coincidência, em repetidoras das redes de tevê de maior expressão dos nossos países. Eu, a Rede Globo. Ela, a TV Nacional do Chile.
Sendo assim, saudosa de semelhante época da minha vida, resolvi "xeroxfotocopiar" o exemplo do bem sucedido jornal de bairro. E já que não restaram nem os cinemas, darei minha contribuição aos meus iguais nessa localidade tão "rica" das diversidades culturais como é o bairro de Casa Amarela.
Conto com a sua frequência
Abraço,
Geórgia Alves
Moradora de Aldeia, ainda com cabelos castanhos lisos caindo nos olhos, ligeiramente estrábicos, tinha uma vizinha chamada "Claudiah". Era chamada assim pelo irmão e pais chilenos. Morava há uns mil e duzentos metros de mim. Bem pertinho. (É caríssim@s, morar em sítio é assim: qualquer porteira dá mais de "1/2km"). Ainda bem que com perninhas de siriema, ou gazela - como apelidou Mário Hélio, na época da Unicap - não levavam minuto pra chegar lá. Andava tipo, A "20km"! e isso na canela até que vale a conta.
Então... Cláudia tinha uma máquina de escrever, dessas portáteis, claro. Os distint@s façam aí os cálculos. Eu era menina até 1980/84. O pai de Cláudia, um intelectual - como dizia o meu. Professor universitário, já tinha trocado a 'querida hemingway" por uma "dessas mais versões mais modernas... um máquina eletrônica!
E os pais de Cláudia e Francisco, como os meus, trabalhavam muito. Às vezes só faziam parte da paisagem, lá pra's sete horas da noite. Ela levava a "baby" para gente "brincar".
Era um modelo chamado "Hermes Baby". Criado por Giuseppe Preziosa. (E "preziosa" era a própria!). Chegava por volta dàs três da tarde, lá na "granja". Curiosamente, é assim que a minha família chama a chácara até os dias de hoje, embora não haja por lá um pé de galinha.
Mas voltando a Preziosa. Aquele tipo de portátil foi "gerado" mais de um século depois, que Moise Paillard fundou sua companhia (em 1814). Fabricava caixinhas de música até se juntar à família Thoren e revolucionar o mercado daquela Era Industrial, com fonógrafos, gramofones, motores de relógios e... máquinas de escrever!
Me diz o senhor "Google" que data de 1935 o lançamento da Preziosa por decisão da Paillard. A "querida" - e aqui a palavra se emprega em tom diferente do que sai das bocas fofas - se tornaria a mais conhecida máquina de escrever da sua época batizada como "Hermes Baby". Reza a lenda, dessas de verdade, passou a ser adotada - e aqui a palavra cabe bem - por figuras como John Steinbeck e : Ernest Hemingway! Tá explicado porque ganhou, por aqui, o apelido de "hemingway".
Tínhamos uma tarde toda de trabalho, até escurecer na "torre da piscina" (na verdade uma caixa d'água que minha mãe, muito romântica e estilista, transformou na Torre de Rapunzel. Aliás, como se trata da visão mais evidente no cenário da chácara, o que minha família chama de "granja", a vizinhança identificou "da chácara com uma torre". Muito mais bacana, não? Mas é sempre assim, a gente tem muita distância com as palavras. E aí vale o provérbio: "palavras loucas, orelhas moucas". A gente vai deixando pra lá o significado mais "na ponta dos dedos" dessas pérolas e depois precisa de uma montanha de livro para ir buscar o melhor uso.
Bom, mas voltando à torre de Rapunzel... o lugarzinho reservado do hectar bem planejado pelos meus pais é o mais inspirador do lugar. A construção tem a escada de ferro em caracol e janela em arco e vista para a piscina. Lá, os primeiros momentos com a Hemingway, (eu nunca chamei de Hermes ou Baby! e só agora virou Preziosa), foram pequenos contos de meninas e suas "asas de borboleta". Não era para menos, uma vista daquela altura!. Mas Cláudia, a mais pramática, não queira "perder tempo" porque haviam "muitas notícias" (e é?) esperando para ser contadas pelas duas meninas "batutinhas", foi o que disse o pai de Cláudia... (Vixe, agora enchi os olhos d'água - recupero).
Pois bem, decidimos criar o jornal:
"As Batutinhas". Yes!!!
Meninas com uma varinha cheia de teclas na mão. Nós! As maestrinas. Nossa missa era simples: informávamos no vespertino, os locais das partidas de vôlei do final de semana, das reuniões da Associação da Chã da Peroba e ainda criticávamos em "reportagem extra" a velocidade com que passavam pelas ruas de barro, naquela época ainda esburacadas por qualquer chuva fina, dos caminhões, estes sim, carregados de penosas, da verdadeira granja da localidade, "Sítio dos Pintos". O irresponsável e egoísta empresário daquela localidade era invariavelmente vaiado por nós, crianças da Chã, quando passava de nariz para cima no seu carro também apressado.
O jornal teve vida longa. Uns seis meses! Cláudia e Eu começamos a caprichar mesmo na "diagramação" e nossos pais passaram a reclamar da quantidade de xérox que tinham que bancar. Chegou a 50 exemplares! Yes!!! Para minha tristeza, e alegria de Cláudia que tinha muita saudade do Chile, o jornal teve que ser interrompido pela viagem de volta pra casa.
Cada uma de nós ganhou seu destino. O mais engraçado é que foram destinos exatamente iguais. Passamos no vestibular do curso de jornalismo e direito. Abandonamos o segundo e concluímos o primeiro, ambas já empregadas. Por coincidência, em repetidoras das redes de tevê de maior expressão dos nossos países. Eu, a Rede Globo. Ela, a TV Nacional do Chile.
Sendo assim, saudosa de semelhante época da minha vida, resolvi "xeroxfotocopiar" o exemplo do bem sucedido jornal de bairro. E já que não restaram nem os cinemas, darei minha contribuição aos meus iguais nessa localidade tão "rica" das diversidades culturais como é o bairro de Casa Amarela.
Conto com a sua frequência
Abraço,
Geórgia Alves
Assinar:
Postagens (Atom)