segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Luís Jardim e Alberto da Cunha Melo na Bienal

Foi citado. O homenageado do 5o. Concurso de Contos da Biblioteca Popular de Casa Amarela, Luís Jardim, foi citado no encerramento da VI Bienal Internacional do Livro em Pernambuco. O escritor Ronaldo Brito lembrou que o pernambucano venceu concurso para Guimarães Rosa. Quem lê o blog dA Casa Amarela deve lembrar que o assunto foi tratado aqui...

No painel de encerramento, além de Ronaldo, Márcia Denser e Raimundo Carrero foram convidados a responder a pergunta: Literatura para quê? Bom, "para que a vida possa valer a pena", "pela produção de sementes de milho, feijão e sacas de farinha" e "para que o escritor possa interagir com o leitor e vice-versa (num grande "abraço")" foram as respostas dos debatedores. Homero Fonseca, curador da Bienal, e mediador da mesa, concluiu a noite com poema de Alberto da Cunha Melo, que faleceu nesta data. Foi um aceno que gerou palmas prolongadas e emoção. Consolidou o sentimento da noite, nas palavras do próprio Homero, "de maior entusiasmo para responder à pergunta".

Na Bienal, naquele mesmo auditório intitulado "Auditório Clarice Lispector" aconteceram outras 65 encontros, no Café Literário foram mais 53 palestras, inclusive lançamentos, no Cine Letras 59 eventos além de 38 debates que permitiram a interação de autores, jornalistas, professores e estudantes no Espaço Universitário e mais 71 painéis no espaço pedagógico. Resta a todos que compreendem tão bem essa necessidade de homens e mulheres, ou mesmo criaturas, em responder essa pergunta, dedicar-se a uma posterior: Para quem?

E isso já é outra análise, outra história, outra construção por escrito que será enviada ao Jornal de Idéias...

abaixo, ainda, notícia do JC on Line sobre a morte do poeta Alberto da Cunha Melo:

O corpo do poeta pernambucano Alberto da Cunha Melo, 65 anos, foi sepultado na tarde deste domingo, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista. Amigos e familiares compareceram à cerimônia para dar o último adeus a uma das principais vozes poéticas da literatura brasileira contemporânea. Alberto da Cunha Melo faleceu nesse sábado (13), às 19h35, na UTI do Hospital Jayme da Fonte, onde deu entrada na última quinta-feira, com infecção respiratória. Seu corpo foi velado na Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), em Santo Amaro.

Alberto vinha lutando contra um câncer de fígado e chegou a realizar um transplante do órgão no dia 24 de agosto passado. Ele deixa quatro filhos, sendo dois do primeiro casamento e dois da viúva Cláudia Cordeiro.

Expoente da chamada Geração 65, em julho passado, Alberto da Cunha Melo foi agraciado com o Prêmio Poesia 2007, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo livro O cão dos olhos amarelos & Outros poemas inéditos (A Girafa Editora). Não chegou a ir receber a láurea em virtude do seu estado de saúde.

"Alberto é Pernambuco, um grande nome pernambucano da poesia nacional, filho ilustre, amigo leal e que lutou para a derrubada do muro que separa os homens e restitui a justiça e a cidadania", disse o imortal da Academia Pernambucana de Letras e presidente da Cepe, poeta
Flávio Chaves, de quem Alberto era assessor especial.

José Alberto Tavares da Cunha Melo nasceu em Jaboatão, em 1942 e orgulhava-se de se dizer neto e filho de poetas. Era sociólogo e jornalista, tendo sido o editor da página Suplemento Cultural do Jornal do Commercio, nos anos 80, abrindo espaços para jovens poetas, principalmente do movimento de escritores independentes, e críticos. Ultimamente, assinava a coluna Marco Zero, na revista Continente Multicultural (editada pela Cepe). Seu primeiro livro – Circulo cósmico – foi publicado em 1966, ano em que o historiador Tadeu Rocha rotulava de Geração de 65 o grupo de poetas surgidos das páginas do Diário de Pernambuco. Portanto, completa, neste ano de 2006, 40 anos de trabalho poético ininterruptos.

Alberto deixa uma obra vasta e consistente, de profunda preocupação com a existência humana. Em vários poemas, protestou contra a opressão e a injustiça social. São 16 livros, 13 de poesia. Ele está presente também em 26 antologias, duas delas internacionais. Suas obras, por ordem de edição são as seguintes: Círculo Cósmico (Recife: UFPE, separata da revista Estudos Universitários, 1966.), Oração pelo Poema. Recife: UFPE, separata da revista Estudos Universitários, 1969), a Publicação do Corpo (Quíntuplo, Aquário/UM, 1974.), A Noite da Longa Aprendizagem (Notas a Margem do Trabalho Poético. Recife, 1978-2000, v. I, II, III, IV, V; inédito), Dez Poemas Políticos (Recife, Pirata, 1979), Noticiário ( Recife: Edições Pirata, 1979), Poemas a Mão Livre (Edições Pirata, 1981), Soma dos Sumos (Rio de Janeiro: José Olympio, 1983), Poemas Anteriores (Recife: Bagaço, 1989), Clau (Recife: Imprensa Universitária da UFRPE, 1992), Carne de Terceira com Poemas à Mão Livre (Recife: Bagaço, 1996), Yacala (Recife: Gráfica Olinda, 1999), Meditação sob os Lajedos (Natal/Recife: EDUFRN, 2002), Dois caminhos e uma oração (São Paulo: A Girafa, 2003) e O cão de olhos amarelos & Outros poemas inéditos (São Paulo: A Girafa, 2006).

Entre as principais participações em antologia, participou de Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século, (Geração Editorial – SP), organizada por José Nêumanne Pinto, e 100 Anos de Poesia. Um panorama da poesia brasileira no século XX, (O Verso/ MinC), organizada por Claufe Rodrigues e Alexandra Maia, e de Pernambuco, Terra da Poesia (IMC/Escrituras), organizada por Antônio Campos e Cláudia Cordeiro.

Na década de 1990 seus poemas saem das fronteiras de Pernambuco e ganham o Brasil e o exterior com o livro Yacala, lançado na Universidade de Évora, em Portugal, com prefácio do crítico literário e professor da Universidade de São Paulo Alfredo Bosi. Em 2003, em entrevista ao Jornal da USP, Bosi ratifica seu entusiasmo pela poesia de Cunha Melo e o considera o principal nome que vem despontando no cenário poético nacional.

O livro Meditação sob os Lajedos, em Dois Caminhos e uma Oração, foi considerado um dos dez melhores livros publicados no Brasil em 2002, por um júri de 400 especialistas do Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira, em sua primeira versão 2003.

Com informações retiradas do site do autor: http://www.albertocunhamelo.com/.

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