"taraxum officinale"
Pois bem. Tal delicada plantinha antes de se desfazer no contato com o vento, lembra a imagem de um poderoso leão e sua juba.
Melhor: comunica o que há por trás dele... E ainda: o seu interior.
Os médicos árabes já a conhecem desde a Antiguidade. Há provas que resistiram à passagem dos séculos desde o décimo segundo deles. Sabe-se, inclusive, o nome de dois pesquisadores e médicos que se dedicaram a ela: Rhazes e Avicena.
Pasmem, essas plantas ajudam no processo de desintoxicação do fígado e de regeneração do organismo.
É da família dos Girassóis. E, como tal, abre ao sol, porque é responsiva à luz do dia. No entanto, quando o clima é sombrio ela é abatida, esta beleza amarela desliga-se...
De fato é uma boa fonte de boro, cálcio, magnésio, ferro, niacina, lecitina, fósforo, potássio, silício, e proteínas. As folhas têm vitaminas C, A, D, e B. Entretanto, os ingredientes ativos das raízes incluem taninos (presente nos vinhos), esteróis, asparagines, amargo glicosídeos, triterpenes, inulina e voláteis do petróleo. Vulnerável ao fogo.
É chamada também por outros codinomes:
Coroa do Monge,
Quartilho,
Amor dos Homens,
Dandelion, em inglês
Diente de Leon, em castelhano
Pisenlit, em francês
Seu habitat é "a selva". Para crescer prefere seu estado selvagem. Um pouco por todo lado. Está em quase todo o mundo, nos prados e relvados, bermas das estradas e caminhos, terrenos incultos, nos jardins dos centros urbanos... é muito resistente à poluição.
Na França e na Alemanha é cultivada para fins medicinais. É uma planta vivaz, com folhas bacilares de recorte irregular que se desenvolve em forma de roseta, caules ocos e flores amarelo-dourado medindo entre 30 a 50cm de altura.
Raiz aprumada de duas ou mais cores: branca ou amarelo acastanhado. Em todas as suas partes pode se encontrar uma espécie de suco leitoso que "na Primavera se concentra na folha e no Verão está presente nas raízes".
As sementes são leves, esvoaçantes e coroadas de um papilho. São produzidas inúmeras variantes da forma básica do dente de leão dependendo isto do tipo de paisagem, solo, estação, clima, altitude e, por que não, atitude.
Dente de leão é a imagem de uma planta alpina: raiz forte, folhas em roseta, com flores grandes e brilhantes, e um importante perfume sutil e delicado. Muito embora também esteja nos vales e planícies.
E, como nem tudo é imperfeitamente linear, a sua composição é blues. Taraxacina lhe oferece um sabor amargo. Como no vinho há tanino. Há ainda ácidos fenólicos, resina, inulina, cumarinas, inositol, carotenóides, açúcar, glicócidos, minerais, cálcio, ferro, magnésio, e bastante potássio, sílica e ainda vitaminas A, B e C. E fibras, muitas fibras, que são solúveis... estão na raiz.
Suas folhas verdes e tenras contém boa dose de beta-caroteno que é a vitamina A existente dos frutos amarelos e nos vegetais verdes.
Mais: apuram elementos como cálcio, de ferro e de vitamina C.
Se se come uma Dente de Leão? Sim. E uma "dieta rica" em seu consumo, sem exageros - é claro - reforça os esmalte. As folhas são um potente diurético e ao contrário de muitos diuréticos convencionais que causam a perda de potássio. Não acontece porque essa florzinha tem, sobretudo, alto teor de potássio. (Cerca de 5%).
Digerida, detalhe importante, reduz o volume de líquidos no organismo... Ajuda a processar "gorduras". Purifica o sangue e os tecidos, sendo útil no tratamento de doenças de pele, erupções cutâneas e dificuldades circulatórias. Internamente, pode-se dizer que é de "lavar a alma" no corpo".
Dela pode se dizer: é uma infestaste dinâmica! prefere solos fundos tal como a luzerna e o trevo. Por isso as redondezas ficam cheias de minhocas. Apreciadoras do que não possuem, a dente-de-leão oferece a essas criaturinhas sua excelente produção de húmus. (Escapou um riso?)
É mesmo preciso maestria... muito muito cuidado. Porque tão útil ervinha, numa relva, pode tragar seu "falso aspecto". Natural que aconteça um pouco de competição. É dada em cenário de raízes profundas.
Tão produtiva e seivadora acaba por trazer à superfície os minerais existentes em profundidade, especialmente o cálcio, promovendo desta forma a restauração do solo conseguindo penetrar mesmo nas formas mais endurecidas do solo.
Quando morre, as suas raízes ainda servem à toda recuperação da vida. Permite, sem dó de si mesma ou do que restou por ali, a "penetração" das minhocas. Esses bichinhos "nojentos" precisam de acesso às camadas fundas do solo, antes inacessíveis a estes vermes tão "úteis".
Tem mais? Sim. O Taraxaco estimula o crescimento de outras plantas também produtoras de flor. E as melhores de todas que são aquelas que produzem frutos. Também oferece mais chances ao seu amadurecimento. Digo, dos frutos.
Suas flores - ricas em néctar - atraem abelhas, borboletas e alguns tipos de pássaros.
Cientificamente, o dente de leão é muito utilizada na agricultura biodinâmica.
Existe um sem número de receitas interessantes e fáceis de confeccionar, tanto com as folhas, flores ou com as raízes da florzinha.
A presença das folhas nas saladas garante vitaminas e minerais. E, é evidente, são menos amargas quando colhidas jovens e ainda tenras.
Com limites, nessa rapidez, claro. No início da Primavera, os botões por desabrochar são deliciosos se forem cozidos com alhos-porros e temperados ligeiramente com manteiga ou azeite, sal e pimenta.
Outra escolha é cozinhá-la a vapor. Assim é possível confeccionar deliciosas tartes de dente de leão e urtigas. As flores podem também ser adicionadas em saladas depois de removidas todas as partes verdes (sépalas e caule).
Dá para fazer um pome de ovo farinha e leite mergulhando as flores que depois serão fritas.
Na Inglaterra se faz um delicioso vinho com as flores que se põe a fermentar ainda no mês de Abril (uuuu) e consumir no Natal.
As raízes jovens a gente descasca e frita ou elas mesmas cozem-se, como aspargos.
Depois de lavadas, as raízes de dente de leão torradas no forno e moídas, podem substituir as de café! (hum...será?)
Esse "relógio do pastor" abre suas flores às cinco da madrugada e as fecha ao fim do dia. As borlas felpudas servem de barómetro: se as sementes voarem sem haver vento, é sinal de que vai chover...
Por outro lado, os frutos felpudos cheios de semente podem servir de oráculo. O que se sabe é que quando sacudidos pelo vento as sementes que nele permanecerem indicam o número de anos de vida que a pessoa tem pela frente. É só tentar.
Brincadeiras boas inventam crianças em toda parte do mundo. Elas usam pés de dente de leão como instrumentos musicais, colares e pulseiras.
Anote aí a receita de vinho: 7 litros de água, 7 litros de flores, 2,5 laranjas cortadas em 4,1 limão cortado em 4,1 pacote de levedura seca, raiz gengibre ralada, 1,2 kg de açúcar. Modo de fazer: colha as flores em dia de sol, deixe os insetos saírem espalhando em folhas de jornal; coloque em recipiente de cerâmica, despeje água, cubra e deixe 24 horas. Coe para caldeirão esmaltado, adicione laranja, limão e gengibre. Ferva por 30 minutos, coe e junte o açúcar. Quando estiver morno, junte a levedura, previamente dissolvida em duas colheres de sopa do líquido. Aí, então, é hora de privá-la da luz. Cubra e deixe fermentar mais ou menos 7 dias. Despeje em garrafões e deixe em repouso por um mês. Aí decantá-lo para garrafas menores. Estará bom após 5 meses...sete...nove...dez... anos! (quem sabe?)