Que fazer? Como escapar desse ciclo da frustração e do tédio, da esperança e da decepção? Há várias estratégias possíveis. Em primeiro lugar, o esquecimento, a diversão, como diz Pascal. Pensemos rápido em outra coisa! Façamos como todo o mundo: finjamos ser felizes, finjamos não nos entediar, finjamos não morrer... Não vou me deter nisso.
É uma estratégia não-filosófica, pois em filosofia, trata-se justamente de não fingir.
Segunda estratégia possível: o que chamarei de fuga para a frente, de esperanças em esperanças. Mais ou menos como esses jogadores da loto, que todas as semanas se consolam de terem perdido com a esperança de que ganharão na semana seguinte.... Se isso os ajuda a viver, não sou eu quem vai criticá-los. Mas, aqui também, vocês hão de convir que isso não é filosofia, e muito menos sabedoria.
A terceira estratégia prolonga a precedente, mas mudando de nível. Já não é uma fuga para a frente, de esperanças em esperanças, mas antes um salto, como diria Camus, numa esperança absoluta, religiosa, que não é suscetível, acredita-se, de ser decepcionada (já que, se não há vida depois da morte, não haverá mais ninguém para percebê-lo). No fundo, é a estratégia de Pascal.
O mesmo Pascal que explica tão bem que, "dispondo-nos sempre a ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos", é o que escreve em outro fragmento dos Pensamentos:
"Só há bem, nesta vida na esperança de outra vida."
É o salto religioso: espera a felicidade para depois da morte. Ou em termos teológicos: passar da esperança (como paixão) à esperança (como virtude teologal: porque ela tem Deus mesmo por objeto). Essa estratégia tem suas cartas de nobreza filosófica... Mas é preciso, além do mais, ter fé, e vocês sabem que não a tenho.
Ou estar disposto a apostar a vida, como diria Pascal, e a isso eu me recuso: o pensamento deve se submeter ao mais verdadeiro, ou ao mais verossímil, e não ao mais vantajoso.
Portanto tive de tentar inventar, ou reinventar, outra estratégia. Não mais o esquecimento ou a diversão, não mais a fuga para a frente de esperanças em esperanças, não mais o salto numa esperança absoluta, mas ao contrário, uma tentativa de nos libertar desse ciclo da esperança e da decepção, da angústia e do tédio, uma tentativa - já que toda esperança é sempre decepcionada - de nos libertar da própria esperança.
É o que me leva a meu segundo ponto...
(A Felicidade desesperadamente)
É uma estratégia não-filosófica, pois em filosofia, trata-se justamente de não fingir.
Segunda estratégia possível: o que chamarei de fuga para a frente, de esperanças em esperanças. Mais ou menos como esses jogadores da loto, que todas as semanas se consolam de terem perdido com a esperança de que ganharão na semana seguinte.... Se isso os ajuda a viver, não sou eu quem vai criticá-los. Mas, aqui também, vocês hão de convir que isso não é filosofia, e muito menos sabedoria.
A terceira estratégia prolonga a precedente, mas mudando de nível. Já não é uma fuga para a frente, de esperanças em esperanças, mas antes um salto, como diria Camus, numa esperança absoluta, religiosa, que não é suscetível, acredita-se, de ser decepcionada (já que, se não há vida depois da morte, não haverá mais ninguém para percebê-lo). No fundo, é a estratégia de Pascal.
O mesmo Pascal que explica tão bem que, "dispondo-nos sempre a ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos", é o que escreve em outro fragmento dos Pensamentos:
"Só há bem, nesta vida na esperança de outra vida."
É o salto religioso: espera a felicidade para depois da morte. Ou em termos teológicos: passar da esperança (como paixão) à esperança (como virtude teologal: porque ela tem Deus mesmo por objeto). Essa estratégia tem suas cartas de nobreza filosófica... Mas é preciso, além do mais, ter fé, e vocês sabem que não a tenho.
Ou estar disposto a apostar a vida, como diria Pascal, e a isso eu me recuso: o pensamento deve se submeter ao mais verdadeiro, ou ao mais verossímil, e não ao mais vantajoso.
Portanto tive de tentar inventar, ou reinventar, outra estratégia. Não mais o esquecimento ou a diversão, não mais a fuga para a frente de esperanças em esperanças, não mais o salto numa esperança absoluta, mas ao contrário, uma tentativa de nos libertar desse ciclo da esperança e da decepção, da angústia e do tédio, uma tentativa - já que toda esperança é sempre decepcionada - de nos libertar da própria esperança.
É o que me leva a meu segundo ponto...
(A Felicidade desesperadamente)
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