quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Diegese


"Eu digo sim ao sim. Eu digo não ao não. Sem melodia, fora do tom. - Gil fundiu a cuca de vocês."


Diegese é um conceito de narratologia, estudos literários, dramatúrgicos e de cinema que diz respeito à dimensão ficcional de uma narrativa. A diegese é a realidade própria da narrativa ("mundo ficcional", "vida fictícia"), à parte da realidade externa de quem lê (o chamado "mundo real" ou "vida real"). O tempo diegético e o espaço diegético são, assim, o tempo e o espaço que decorrem ou existem dentro da trama, com suas particularidades, limites e coerências determinadas pelo autor.

Em Cinema e outras linguagens audiovisuais, diz-se que algo é diegético quando ocorre dentro da ação narrativa ficcional do próprio filme. Por exemplo, uma música de trilha sonora incidental que acompanha uma cena faz parte do filme, mas é externa à diegese, pois não está inserida no contexto da ação. Já a música que toca se um personagem está escutando rádio, por exemplo, é diegética, já que está dentro do contexto ficcional.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Sugestão

o blog com notícias de Casa Amarela, abre um pequeno e generoso parênteses para divulgar o café cultural promovido por Jean-Victor Martin, diretor da Aliança Francesa, Pernambuco, dedicado à Clarice Lispector.


Programação:


Exibição de O TRIUNFO - curta-metragem inspirado no conto de mesmo nome da autora, publicado no ano de 1944, semanário pan

Sinopse – Luísa está aos poucos despertando do choque. Numa clareza de perceber a realidade como ela é. Acordando no dia seguinte, sem a presença do seu amante no apartamento onde viviam juntos. Na trajetória de voltar a ouvir e a ver, o entorno de Luísa em tudo se assemelha à nova realidade que está para romper na vida da escritora Clarice Lispector, com o reconhecimento conquistado na publicação do livro Perto do Coração Selvagem


FICHA TÉCNICA:

Atores: Ana Paula Ferrari e Davison Carvalho
Roteiro e direção: Geórgia Alves
Produção: Sérgio Montenegro Filho
Fotografia: Marcelo Lordello
Montagem: Marcelo Pedroso
Still: Larissa Alves
Criança: Enrico Mello
Participação especial: Raimundo Carreiro (voz)
Apoio: Símio Produções

MÚSICAS

Robert Schumann: Concerto para piano e orquestra (allegro apassionatto)
Billie Holiday: God Bless the child
Ludwig Van Beethoven: Sinfonia Nº 3 "Heróica" (allegro vivace)



Mediador
Paulo Sérgio Scarpa

É jornalista, formado em 1972 pela Universidade de São Paulo (USP), onde também se graduou em Sociologia. Atuou como repórter do jornal Folha de S. Paulo durante 19 anos, transferindo-se depois para o Recife, onde foi contratado pelo Jornal do Commercio. No periódico, exerceu as funções de repórter de política e colunista de economia, até tornar-se o responsável pela coluna diária Repórter JC, que assina há seis anos. Conhecedor da obra de Clarice Lispector, também é colaborador do Caderno C – segmento cultural do jornal – nas áreas de literatura e música clássica.

Debatedora
Geórgia Alves

Especialista em Literatura Brasileira, com estudos sobre “A Felicidade em Clarice Lispector”. Formada em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco e pós-graduada pelo departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco. Autora do roteiro e diretora do filme O TRIUNFO – inspirado no primeiro conto publicado por Clarice Lispector. Assina o blog http://dacordafelicidade.blogspot.com/ e coluna de mesmo nome na revista literária http://www.interpoetica.com/.

Debatedora
Fátima Costa

Fátima Costa é professora de Filosofia da Faculdade de Filosofia de Caruaru e da Faculdade Guararapes, do Recife. Formada em Filosofia, com mestrado em Filosofia da Linguagem e doutorado em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco, sob o tema “Da condição à solidão em Clarice Lispector”. Estuda a obra da autora há mais de dez anos.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A Lua em Sagitário e. Uma noite mais...

“O Amor conforta como o Sol depois da chuva”
Shakespeare


Há o homem de construir, por descoberta do Amor, aquele mundo ideal inexistente. Pois se há beleza ideal, ele insiste, há nela a esperança de estar seguro, um dia. Como Quíron, centauro notável e à exceção dos demais – embora com semelhante natureza selvagem e indomável – aceito por ter sabedoria e inteligência incomum, Miguel aponta para o futuro sua flecha envenenada mantendo firme suas patas ao chão.

Metade mito romântico na própria tragédia, a tragédia da primeira pessoa, metade “bon sauvage”, por natureza e mito de Russeau. Mito igualmente de Sagitário que remete à saga de Íxion, o intempestivo, que por fúria mata os convidados do próprio casamento com Dia, filha do ambicioso rei Dioneus, queimando-os em brasa. Íxion é condenado a errar pela vida, sem destino.

Na ausência de tino, Miguel reserva para si as mais difíceis escolhas. E seu lado bom selvagem faz com que se interesse por Lenora, viúva de certa semelhança com a bela figura de Hera, esposa de Zeus que, por perdão, recebe Íxion de volta ao Monte Olimpo. Ao descobrir as investidas, Zeus vinga-se do selvagem criando Néfele - o lado etéreo de Lenora - mulher feita de nuvem à figura e semelhança de Hera. Íxion, que vivia embriagado, se apaixona por ela. Dessa união nasce o Centauro, meio humano e meio animal.

Miguel e Lenora vivem na “selva urbana” em duelo da existência e condição meio humana. Por um lado, aspiram ao belo e ambicionam a evolução e por outro, o lado animal e infernal, estão atados à matéria. A Lua em Sagitário é um alerta, um pergaminho escrito no século XXI, para apontar o caminho a ser trilhado pelo bicho homem rumo ao desterro e à dor. Também serve para livrá-lo dele. Reserva no sotaque nordestino e nos trejeitos de amor a defesa dos lemas revolucionários: liberdade, igualdade e fraternidade.

Paulo Caldas há muito observa aspectos das desigualdades. Basta citar A Cor da Pele e O Sol além da minha rua. No seu aprendizado de ensinar, separa com os olhos os elementos a serem identificados pelo leitor, conduzido pelo autor com doçura, e até certo por ponto, generosidade. Por essa ordem, deteve-se às leituras da Lua, em sua visão trágica do menino crescido solto no mato e levado à cidade por circunstâncias da sua beleza e juventude. Um homem que recebe a máscara oferecida pela natureza.
orelha livro A Lua em Sagitário, de Paulo Caldas

Entre os dias 30, 31 de outubro e 01 de novembro, um evento irá reunir gente das artes plásticas, do teatro e da literatura. Será na Usina, localiza na Praça Faria Neves – a Praça de Dois Irmãos, ao lado do Horto Zoobotânico. O caríssimo Paulo Caldas lança a Lua em sagitário, sua novela comemorativa aos 25 anos de atividade literária. Será na quinta-feira, 01/11, dia de conhecer também o romance Guerrilha em Palmares de Luiz Berto. Premiado fora do País por Besta Fubana. A noite ainda reserva: O amor não tem bons sentimentos, peça de Raimundo Carrero, baseada no romance de mesmo nome que será encenada com a participação do próprio.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

A força do amarelo

Entre as correntes das Artes Plásticas que receberam influência da obra de Van Gogh estão: o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo. Van Gogh foi mesmo o primeiro a unir tendências impressionistas às aspirações do modernismo.

O menino

Vincent recebeu o nome do avó e tinha mais 2 irmãos, Theodorus, ou apenas Theo, e Cor. Além de três irmãs: Elisabeth, Anna e Wil. Foi uma criança séria, quieta e introspectiva. Sua única e maior de todas as amizades foi com o irmão Theo. Chegaram a trocar correspondências que foram publicadas em 1914, oferecendo detahes da vida do pintor e da personalidade conturbada. As cartas, até onde se sabe, também serviram para que Theo oferecesse suporte financeiro ao irmão, durante grande parte da sua vida. Realizando, mesmo que por pouco tempo, um dos maiores sonhos do artista que foi a criação de uma comunidade artística. Com a ajuda de Theo, Van Gogh morou e criou A Casa Amarela. Lugar onde as diferenças com Gauguin se acenturaram e levaram conhecido ato insano de Van Gogh de decepar a própria orelha.

Vincent van Gogh chegou em Arles, Sul da França, em dia 21 de fevereiro de 1888. A cidade era um local que o impressionava pelas paisagens e onde esperava fundar uma colônia de artistas.

A Casa

Foi para decorar a sua casa em Arles (que ficou mesmo conhecida como "a casa amarela") . Foi lá que Van Gogh pintou a série de quadros com a cor como Girassóis, que se tornaria numa das suas obras mais conhecidas. Dos artistas que deixara em Paris, apenas Gauguin respondeu ao convite feito para se instalar em Arles.

Mas não foi quaisquer dos quadros com predominância da cor amarela que Vicent van Gogh conseguiu vender em vida. O Vinhedo Vermelho, foi o único pintado nesta época. Ele o vendeu por 400 francos.

A confusão

"Gauguin e Van Gogh partilhavam uma admiração mútua, mas a relação entre ambos estava longe de ser pacífica e as discussões eram freqüentes."

Vincent teve vários episódios de violência. O episódio da noite de 23 de dezembro de 1888, quando cortou um pedaço da própria orelha esquerda, oferecido depois a prostituta, amiga de Vicent, Rachel. A orelha foi enviada para o bordel onde trabalhava Rachel, embrulhada em papel de jornal. Gauguin comunica o fato por telegrama a Theo e decide volta para Paris. Não chegou a visitar Vincent no hospital para o qual foi encaminhado para cuidados médicos e psíquicos.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Faltam 03 dias...

Lembrando: O concurso público de contos promovido pela Biblioteca Pública de Casa Amarela foi prorro gado até o próximo dia 19 de Outubro de 2007.

5º CONCURSO DE CONTOS LUÍS JARDIM - R E G U L A M E N T O

Art. 1° - O 5º Concurso de Contos Luís Jardim abrange o gênero narrativo e tem como objetivos incentivar, descobrir e divulgar novos talentos na literatura pernambucana, no âmbito da Biblioteca Popular de Casa Amarela.

Art. 2° - A) O Concurso é aberto à participação de qualquer interessado maior de 18 anos.- B) É vedada a participação no concurso de funcionários das bibliotecas públicas municipais.

Art. 3° - Os participantes devem inscrever um conto inédito com no máximo de três laudas. Cada pessoa pode participar com até dois textos; mas apenas um texto poderá ser premiado.

Art. 4° - Os originais devem ser enviados em cinco vias digitadas em Times ou Arial, tamanho 12, e impressas em papel A-4 (na cor preta, com espaço duplo e alinhamento justificado), assinados com um pseudônimo (que não deve ser um nome próprio), em um envelope grande (ofício).

Parágrafo único: Os originais devem estar acompanhados de um envelope (tipo carta) lacrado, identificado externamente apenas pelo pseudônimo, contendo (no seu interior) os dados de identificação do autor (pseudônimo, nome completo, endereço, e-mail, telefone(s) para contato e currículo resumido).

Art. 5° - Os textos devem ser entregues pessoalmente na Biblioteca Popular de Casa Amarela, situada à Rua Major Afonso Leal, s/n, Casa Amarela, CEP: 52070-160, aos cuidados da Comissão Julgadora do 5º Concurso de Contos Luís Jardim, recebendo, no ato, um Comprovante de Inscrição. Também são aceitas inscrições através dos Correios postadas até o último dia do prazo para inscrição.

Art. 6° - As inscrições estarão abertas no período de 03 a 28 de setembro de 2007, valendo como comprovante a data de entrega dos textos na Biblioteca ou a data de postagem nos Correios. A não adequação às normas aqui estabelecidas invalida a inscrição.

Art. 7° - Os textos inscritos não serão devolvidos, e não serão pagos direitos autorais.Art. 8° - Os contos inscritos serão analisados por uma Comissão Julgadora composta pelos seguintes especialistas na área de Literatura:

1- Maria Lenice Gomes da Silva (Escritora e especialista em Literatura Infanto-Juvenil);
2- Neide Medeiros Santos (Doutora em Estudos literários pela UNESP);
3- Francisco Ferreira de Mesquita Filho (Professor, poeta e crítico literário);

Parágrafo único: A presidência da Comissão Julgadora cabe à escritora Maria Lenice Gomes da Silva.Art.

9° - Os três primeiros colocados receberão os seguintes prêmios:

1º lugar: R$ 600,00 (seiscentos reais);
2º lugar: R$ 400,00 (quatrocentos reais); e
3º lugar: R$ 300,00 (trezentos reais).

Também serão concedidas (02) menções honrosas.

Parágrafo único: A referida premiação será paga mediante apresentação da Carteira de Identidade, CPF, comprovante de residência, inscrição no PIS/PASEP e comprovante bancário.

Art. 10 - O resultado do 5º Concurso de Contos Luís Jardim será divulgado no dia 20 de novembro de 2007 e a cerimônia de premiação ocorrerá no dia 06 de dezembro do corrente, na própria Biblioteca, onde será distribuída uma plaquete com edição dos (05) cinco contos selecionados.

Art. 11 - As dúvidas e os casos omissos serão decididos pela Comissão Julgadora. Ao se inscrever no 5º Concurso de Contos Luís Jardim, o candidato está automaticamente concordando com todos os artigos deste Regulamento.

Art. 12 - Da qualidade dos contos concorrentes não caberá qualquer recurso, ficando esta medida adstrita às condições extrínsecas do concurso, dispostas nas cláusulas deste Regulamento, que será julgado pelo Diretor Presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, em segunda instância

Alugo vitrine

Na rua Conselheiro Nabuco (em Casa Amarela)
aqui - breve - foto!

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Na versão "The Beatles"... para Calvino

Birthday
(Lennon/McCartney)

They say it's your birthday
It's my birthday too, yeah
They say it's your birthday
We're gonna have a good time
I'm glad it's your birthday
Happy birthday to you

Ah Ah Ah

Come on Come on
Yes we're going to a party party
Yes we're going to a party party
Yes we're going to a party party
I would like you to dance (Birthday)

Take a cha-cha-cha-chance (Birthday)
I would like you to dance (Birthday)
Dance yeah
Oh Come on
I would like you to dance (Birthday)
Take a cha-cha-cha-chance (Birthday)
I would like you to dance (Birthday)

Oh dance! Dance

They say it's your birthday
Well it's my birthday too, yeah
They say it's your birthday
We're gonna have a good time
I'm glad it's your birthday
Happy birthday to you

Ítalo Calvino, em sua data de nascimento, por Rogério Mendes Coelho

As mulheres são como as cidades


Sexta-feira, Julho 15, 2005 - posted by Rogério Mendes Coelho* em seu blog - extinto - cronicax.blogspot.com

Lembro que eu e o poeta Leonardo Neves, em uma de nossas longas e etílicas charlas, mais uma vez quando falávamos sobre as mulheres, dizíamos que elas eram líquidas por não ficarem muito tempo em nossas mãos. E ficamos muito entusiasmados com quanto poético e perfeito era o desígnio. Belíssima imagem escorrendo em nossas mãos. E também boca e também peito etc: diante de nossos olhos: como um fluxofoema, as mulheres.No entanto, muito recentemente, tive a sorte de poder ouvir outro desígnio que poderia concluir tão poético quanto perfeito como o de outrora. Estava eu no balcão de um bar diante de um palco onde acontecia uma “jam session” de músicos consagrados nacionalmente tocando alguns clássicos do jazz. Até que a loira, intérprete e candidata precoce a diva anunciou uma canção conhecida, muito querida por muitos.

Diante do espasmo e comoção coletiva e até mesmo por curiosidade perguntei a quem me acompanhava o que poderia ter pensado o cidadão quando compôs a música. Foi a mim respondido que no nome da cidade que também intitulava a canção. E ainda finalizou dizendo que as mulheres são como cidades.Perfeito. Para cada cidade, uma personalidade, uma imagem, uma memória, uma estética e por que não, um sorriso? Antigamente, séculos e séculos atrás as cidades, inclusive os continentes, excetuando a América, mas que ainda sofreu uma modificação, uma adaptação para normalizar-se a essa perspectiva, costumavam ser fundadas com nomes de musas por aqueles que a encontravam, descreviam, fundavam e passavam a freqüentá-las ou habitá-las e, sobretudo, conquistavam-nas. Houve muitas guerras e mortes, inclusive, por isso. Mas isso é uma outra história.

O escritor Ítalo Calvino, cubano de nascença e italiano por adoção, no seu livro As Cidades Invisíveis brincou pertinentemente com isso. Escreveu um breve livro baseado no “Il Millione”, o diário de Marco Pólo, num exímio exercício metalingüístico, constituindo cada cidade imaginária sua como mulheres tácteis e possíveis (Diomira, Isidora, Dorotéia, Zaíra, Anastácia, Zora...) relacionando a fundação e descrição de suas cidades-musas com os jogos da memória, desejo, símbolos, trocas, nomes, olhos, céu, algo imanentemente e eminentemente humano sem perder o charme referencial e cosmogônico da história que constituía os homens e seus devidos espaços. Há muito mais que possa ser dito. Mas, como idéia, no geral, é mais ou menos isso o que Calvino quis dizer.

Vou transcrever umas das cidades que mais gosto descrita. O nome da cidade é Isidora. Veja-se: “O homem que cavalga longamente por terrenos selváticos sente o desejo de uma cidade. Finalmente, chega a Isidora, cidade onde os palácios têm escadas em caracol incrustadas de caracóis marinhos, onde se fabricam à perfeição binóculos e violinos, onde quando um estrangeiro está incerto entre duas mulheres sempre encontra uma terceira, onde as brigas de galo se degeneram em lutas sanguinosas entre os apostadores. Ele pensava em todas essas coisas quando desejava uma cidade. Isidora, portanto, é a cidade de seus sonhos: com uma diferença. A cidade sonhada o possuía; em Isidora, chega em idade avançada. Na praça, há o murinho dos velhos que vêem a juventude passar; ele está sentado ao lado deles. Os desejos agora são recordações.”

É interessante como Calvino “apenas” nos diz com isso ou nos faz ter certeza que nada somos sem o exercício da imaginação e desejo. Imaginação e desejo estes que constituem qualquer criação concebida, qualquer momento desfrutado e cada palavra enunciada ou escrita que é responsável por nossa sobrevivência, embora maldita ou mal dita possa ser. Realidade.Em suma, as mulheres são mesmo como cidades, habitáveis ou não, em suas geografias capazes de mover e comover. E nós, homens, carregamos conosco, como ressalta Calvino, a memória, o desejo, os símbolos, as trocas, os olhos, o céu etc de todas as cidades das quais passamos num sentimento ilustre, contínuo e diaspórico. É por isso que faz sentido o discurso de preservação das cidades, das mulheres, do amor a elas: não sobrevivem à ausência de memória. Porém, como conservá-la? Eis a questão. Brilho eterno de mentes sem lembranças.

*Mestre em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco e poeta.
(Ítalo Calvino nasceu em 15/10/1923, Santiago de Las Vegas, Cuba e "despediu-se" em: 19/09/1985, Siena, Itália).

www.interpoetica.com : homenagem

Canto dos Emigrantes

Com seus pássaros ou a lembrança de seus pássaros,
com seus filhos ou a lembrança de seus filhos,
com seu povo ou a lembrança de seu povo, todos emigram.
De uma quadra a outra do tempo,
de uma praia a outra do Atlântico,
de uma serra a outra das cordilheiras, todos emigram.

Para o corpo de Berenice ou o coração de Wall Street,
para o último templo ou a primeira dose de tóxico,
para dentro de si ou para todos,
para sempre todos emigram.

Alberto da Cunha Melo
*1942
+2007

Arrisco versão à Bishop. Carol, pode ser assim traduzido?

ONE ART
UMA ARTE*

The art of losing isn't hard to master;
A arte de perder não é difícil de dominar

so many things seem filled with the intent to be lost that their loss is no disaster.
tantas coisas parecem cheias da intenção de serem perdidas que sua perda não é desastre

Lose something every day.
Perca alguma coisa todo dia.

Accept the fluster of lost door keys, the hour badly spent.
Aceite a confusão de perder as chaves da porta, a hora mal gasta

The art of losing isn't hard to master.
A arte de perder não é tão difícil de dominar

Then practice losing farther, losing faster:
Então pratique perder mais, perder mais depressa:

places, and names, and where it was you meant to travel.
lugares, e nomes, e para onde era sua intenção viajar.

None of these will bring disaster.
Nada disso lhe trará desastre.

I lost my mother's watch.
Eu perdi o relógio da minha mãe (e também a atenção...)

And look! my last, or next-to-last, of three loved houses went.
E veja! minha última, ou penúltima, das três adoráveis casas se foram.

The art of losing isn't hard to master.
A arte de perder não é difícil de dominar.

I lost two cities, lovely ones.
Eu perdi duas cidades, dessas amáveis.

And, vaster, some realms I owned, two rivers, a continent.
E, mais amplamente, alguns domínios que tive, dois rios, um continente.

I miss them, but it wasn't a disaster.
Eu os perdi, mas isso não foi um desastre.

---Even losing you (the joking voice, a gesture I love) I shan't have lied.
---Até perder você (a voz brincalhona, os gestos que Amo) Não terei mentido.

It's evident the art of losing's not too hard to master
É evidente que a arte de perder não é tão difícil de gerenciar

though it may look like (Write it!) like disaster.
embora assim pareça (Escreva isso!) ao desastre.

*com leitura de Carol Flores, que enviou o poema e preferiu "dominar" à "gerenciar" (somente) a perda! Abração Carol!

-- Elizabeth Bishop por Carol Flores

ONE ART

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.

The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.

The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

---Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

Luís Jardim e Alberto da Cunha Melo na Bienal

Foi citado. O homenageado do 5o. Concurso de Contos da Biblioteca Popular de Casa Amarela, Luís Jardim, foi citado no encerramento da VI Bienal Internacional do Livro em Pernambuco. O escritor Ronaldo Brito lembrou que o pernambucano venceu concurso para Guimarães Rosa. Quem lê o blog dA Casa Amarela deve lembrar que o assunto foi tratado aqui...

No painel de encerramento, além de Ronaldo, Márcia Denser e Raimundo Carrero foram convidados a responder a pergunta: Literatura para quê? Bom, "para que a vida possa valer a pena", "pela produção de sementes de milho, feijão e sacas de farinha" e "para que o escritor possa interagir com o leitor e vice-versa (num grande "abraço")" foram as respostas dos debatedores. Homero Fonseca, curador da Bienal, e mediador da mesa, concluiu a noite com poema de Alberto da Cunha Melo, que faleceu nesta data. Foi um aceno que gerou palmas prolongadas e emoção. Consolidou o sentimento da noite, nas palavras do próprio Homero, "de maior entusiasmo para responder à pergunta".

Na Bienal, naquele mesmo auditório intitulado "Auditório Clarice Lispector" aconteceram outras 65 encontros, no Café Literário foram mais 53 palestras, inclusive lançamentos, no Cine Letras 59 eventos além de 38 debates que permitiram a interação de autores, jornalistas, professores e estudantes no Espaço Universitário e mais 71 painéis no espaço pedagógico. Resta a todos que compreendem tão bem essa necessidade de homens e mulheres, ou mesmo criaturas, em responder essa pergunta, dedicar-se a uma posterior: Para quem?

E isso já é outra análise, outra história, outra construção por escrito que será enviada ao Jornal de Idéias...

abaixo, ainda, notícia do JC on Line sobre a morte do poeta Alberto da Cunha Melo:

O corpo do poeta pernambucano Alberto da Cunha Melo, 65 anos, foi sepultado na tarde deste domingo, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista. Amigos e familiares compareceram à cerimônia para dar o último adeus a uma das principais vozes poéticas da literatura brasileira contemporânea. Alberto da Cunha Melo faleceu nesse sábado (13), às 19h35, na UTI do Hospital Jayme da Fonte, onde deu entrada na última quinta-feira, com infecção respiratória. Seu corpo foi velado na Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), em Santo Amaro.

Alberto vinha lutando contra um câncer de fígado e chegou a realizar um transplante do órgão no dia 24 de agosto passado. Ele deixa quatro filhos, sendo dois do primeiro casamento e dois da viúva Cláudia Cordeiro.

Expoente da chamada Geração 65, em julho passado, Alberto da Cunha Melo foi agraciado com o Prêmio Poesia 2007, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo livro O cão dos olhos amarelos & Outros poemas inéditos (A Girafa Editora). Não chegou a ir receber a láurea em virtude do seu estado de saúde.

"Alberto é Pernambuco, um grande nome pernambucano da poesia nacional, filho ilustre, amigo leal e que lutou para a derrubada do muro que separa os homens e restitui a justiça e a cidadania", disse o imortal da Academia Pernambucana de Letras e presidente da Cepe, poeta
Flávio Chaves, de quem Alberto era assessor especial.

José Alberto Tavares da Cunha Melo nasceu em Jaboatão, em 1942 e orgulhava-se de se dizer neto e filho de poetas. Era sociólogo e jornalista, tendo sido o editor da página Suplemento Cultural do Jornal do Commercio, nos anos 80, abrindo espaços para jovens poetas, principalmente do movimento de escritores independentes, e críticos. Ultimamente, assinava a coluna Marco Zero, na revista Continente Multicultural (editada pela Cepe). Seu primeiro livro – Circulo cósmico – foi publicado em 1966, ano em que o historiador Tadeu Rocha rotulava de Geração de 65 o grupo de poetas surgidos das páginas do Diário de Pernambuco. Portanto, completa, neste ano de 2006, 40 anos de trabalho poético ininterruptos.

Alberto deixa uma obra vasta e consistente, de profunda preocupação com a existência humana. Em vários poemas, protestou contra a opressão e a injustiça social. São 16 livros, 13 de poesia. Ele está presente também em 26 antologias, duas delas internacionais. Suas obras, por ordem de edição são as seguintes: Círculo Cósmico (Recife: UFPE, separata da revista Estudos Universitários, 1966.), Oração pelo Poema. Recife: UFPE, separata da revista Estudos Universitários, 1969), a Publicação do Corpo (Quíntuplo, Aquário/UM, 1974.), A Noite da Longa Aprendizagem (Notas a Margem do Trabalho Poético. Recife, 1978-2000, v. I, II, III, IV, V; inédito), Dez Poemas Políticos (Recife, Pirata, 1979), Noticiário ( Recife: Edições Pirata, 1979), Poemas a Mão Livre (Edições Pirata, 1981), Soma dos Sumos (Rio de Janeiro: José Olympio, 1983), Poemas Anteriores (Recife: Bagaço, 1989), Clau (Recife: Imprensa Universitária da UFRPE, 1992), Carne de Terceira com Poemas à Mão Livre (Recife: Bagaço, 1996), Yacala (Recife: Gráfica Olinda, 1999), Meditação sob os Lajedos (Natal/Recife: EDUFRN, 2002), Dois caminhos e uma oração (São Paulo: A Girafa, 2003) e O cão de olhos amarelos & Outros poemas inéditos (São Paulo: A Girafa, 2006).

Entre as principais participações em antologia, participou de Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século, (Geração Editorial – SP), organizada por José Nêumanne Pinto, e 100 Anos de Poesia. Um panorama da poesia brasileira no século XX, (O Verso/ MinC), organizada por Claufe Rodrigues e Alexandra Maia, e de Pernambuco, Terra da Poesia (IMC/Escrituras), organizada por Antônio Campos e Cláudia Cordeiro.

Na década de 1990 seus poemas saem das fronteiras de Pernambuco e ganham o Brasil e o exterior com o livro Yacala, lançado na Universidade de Évora, em Portugal, com prefácio do crítico literário e professor da Universidade de São Paulo Alfredo Bosi. Em 2003, em entrevista ao Jornal da USP, Bosi ratifica seu entusiasmo pela poesia de Cunha Melo e o considera o principal nome que vem despontando no cenário poético nacional.

O livro Meditação sob os Lajedos, em Dois Caminhos e uma Oração, foi considerado um dos dez melhores livros publicados no Brasil em 2002, por um júri de 400 especialistas do Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira, em sua primeira versão 2003.

Com informações retiradas do site do autor: http://www.albertocunhamelo.com/.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

PRORROGADAS INSCRIÇÕES PARA O CONCURSO DE CONTOS LUÍS JARDIM

O concurso público de contos promovido pela Biblioteca Pública de Casa Amarela foi prorro gado até o próximo dia 19 de Outubro de 2007. Confira informações do edital já publicado:

5º CONCURSO DE CONTOS LUÍS JARDIM - R E G U L A M E N T O

Art. 1° - O 5º Concurso de Contos Luís Jardim abrange o gênero narrativo e tem como objetivos incentivar, descobrir e divulgar novos talentos na literatura pernambucana, no âmbito da Biblioteca Popular de Casa Amarela.

Art. 2° - A) O Concurso é aberto à participação de qualquer interessado maior de 18 anos.- B) É vedada a participação no concurso de funcionários das bibliotecas públicas municipais.

Art. 3° - Os participantes devem inscrever um conto inédito com no máximo de três laudas. Cada pessoa pode participar com até dois textos; mas apenas um texto poderá ser premiado.

Art. 4° - Os originais devem ser enviados em cinco vias digitadas em Times ou Arial, tamanho 12, e impressas em papel A-4 (na cor preta, com espaço duplo e alinhamento justificado), assinados com um pseudônimo (que não deve ser um nome próprio), em um envelope grande (ofício).

Parágrafo único: Os originais devem estar acompanhados de um envelope (tipo carta) lacrado, identificado externamente apenas pelo pseudônimo, contendo (no seu interior) os dados de identificação do autor (pseudônimo, nome completo, endereço, e-mail, telefone(s) para contato e currículo resumido).

Art. 5° - Os textos devem ser entregues pessoalmente na Biblioteca Popular de Casa Amarela, situada à Rua Major Afonso Leal, s/n, Casa Amarela, CEP: 52070-160, aos cuidados da Comissão Julgadora do 5º Concurso de Contos Luís Jardim, recebendo, no ato, um Comprovante de Inscrição. Também são aceitas inscrições através dos Correios postadas até o último dia do prazo para inscrição.

Art. 6° - As inscrições estarão abertas no período de 03 a 28 de setembro de 2007, valendo como comprovante a data de entrega dos textos na Biblioteca ou a data de postagem nos Correios. A não adequação às normas aqui estabelecidas invalida a inscrição.

Art. 7° - Os textos inscritos não serão devolvidos, e não serão pagos direitos autorais.Art. 8° - Os contos inscritos serão analisados por uma Comissão Julgadora composta pelos seguintes especialistas na área de Literatura:

1- Maria Lenice Gomes da Silva (Escritora e especialista em Literatura Infanto-Juvenil);
2- Neide Medeiros Santos (Doutora em Estudos literários pela UNESP);
3- Francisco Ferreira de Mesquita Filho (Professor, poeta e crítico literário);

Parágrafo único: A presidência da Comissão Julgadora cabe à escritora Maria Lenice Gomes da Silva.Art.

9° - Os três primeiros colocados receberão os seguintes prêmios:

1º lugar: R$ 600,00 (seiscentos reais);
2º lugar: R$ 400,00 (quatrocentos reais); e
3º lugar: R$ 300,00 (trezentos reais).

Também serão concedidas (02) menções honrosas.

Parágrafo único: A referida premiação será paga mediante apresentação da Carteira de Identidade, CPF, comprovante de residência, inscrição no PIS/PASEP e comprovante bancário.

Art. 10 - O resultado do 5º Concurso de Contos Luís Jardim será divulgado no dia 20 de novembro de 2007 e a cerimônia de premiação ocorrerá no dia 06 de dezembro do corrente, na própria Biblioteca, onde será distribuída uma plaquete com edição dos (05) cinco contos selecionados.

Art. 11 - As dúvidas e os casos omissos serão decididos pela Comissão Julgadora. Ao se inscrever no 5º Concurso de Contos Luís Jardim, o candidato está automaticamente concordando com todos os artigos deste Regulamento.

Art. 12 - Da qualidade dos contos concorrentes não caberá qualquer recurso, ficando esta medida adstrita às condições extrínsecas do concurso, dispostas nas cláusulas deste Regulamento, que será julgado pelo Diretor Presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, em segunda instância.

sábado, 6 de outubro de 2007

Bairro de Casa Amela e VI Bienal do Livro

Permitam só enquanto dura Bienal - domingo 14 de Outubro - brincar de ficar lá e cá.


Notícias sobre Casa Amarela

Julita & Juliane precisam de escovista e auxiliar de cabeleireira!

Casa dos Doces: desde 25 de Setembro, pouco depois do início da Primavera, a Casa dos Doces, abriu o espaço vizinho para ceia regional. Uma beleza. O telefone: 3267.6170. Tudo na Estrada do Arraial, pouquinho depois do Sítio da Trindade e da Igreja da Harmonia. Onde, por sinal, hoje - sábado - tem galeto no ponto por R$:6,00


Impressões da e na Bienal


No começo logo é difícil, aparece logo abordagem tipo: "laptop de graça", desde que você compre por mil e tantos reais pelos produtos da Barsa ou "livros pedagógicos", que só têm mesmo é muito gasto de tinta colorida. Paciência, andando mais um pouquinho, "pelas beiradas" como faria e diria o matuto, vai encontrar stand da LivroRápido, com oito lançamentos de infanto-juvenis previstos para terça-feira, tudo com o jeito Pereira de Tarcísio. Tem a Cepe, com exemplares que você deixou "passar batido" da Revista Multicultural (R$:10,00 apenas) e distribuição - claro, gratuita - do, difícil de achar, Suplemento Cultural do Diário Oficial do Estado Pernambuco, do caríssimo Carrero. Com Homenagem, dele para Paulo Caldas, aos 25 anos de Literatura. Veja aí:

Vê mesmo não viu não, não é? Pois é assim: "Nem sempre um escritor brasileiro pode chegar aos vinte e cinco anos de carreira. Por todos os motivos possíves"..."Neste ano de 2007, por exemplo, o escritor pernambucano Paulo Caldas celebra os vinte e cinco anos de sólida carreira literária, com destaque para a literatura infanto-juvenil".... "Trata-se de um autor que conseguiu, seriamente, construir mais do que uma carreira, um nome, um verdadeiro nome, respeitado e amado pelso caminhos que revelou na atividade intensa" (cita um trecho do livro que será lançado, segundo o próprio Caldas, "na uzina cultural dois irmãos, após bienal ou na última semanda de outubro").


O trecho: "Primeiro, senti a dor de ver as lágrimas de mãe e das meninas. Nos olhos de pai, não sei, nem sei se sentiu ou se escondeu a emoção entre as covas do roçado. Embora já estivesse tudo resolvido, a decisão ficara em família. O não precisa saber. Foi o que mãe recomendou".

E comenta: "Com essas palavras, o escritor Paulo Caldas inicia o seu novo livro - "Lua em sagitário" - em comemoração aos vinte e cinco anos de carreira. Narra a história de Liguel e Lenora, com um apuro técnico que aponta para a maturidade de sua obra. Há, no entanto, um enredo entrecruzado, em que a técnica elimina o sentimentalismo e o vulgar. Eis a principal questão deste tipo de literatura infantil ou infanto-juvenil: tornar-se sentimental a ponto de vulgarizar palavras e personagens."


Pronto. Tem mais na VI Bienal: Ariano e ainda A Libre - Liga Brasileira de Editoras - com seu catálogo Primavera 2006/2007. Todas as edições até o período. E o 2007 da editora Anita Garibaldi. Ah, tem o Arte Café (http://www.brasilartecafe.com.br/) e as edições SIM. Realmente, livros bem feitos e bem acabados. Bem prontos para nossos exigentes meninos e meninas. Lorena disse que tinha a impressão de já ter visto tudo, até se deparar com esses tão bons aí, mesmo que tenham cabido numa mão e contato nos dedos. Vale muito, ainda por cima, é só o começo.

VI Bienal Internacional do Livro em Pernambuco

Fonte: site da VI bienal



Ariano Suassuna


Imortal da Academia Brasileira de Letras, Ariano Suassuna receberá homenagens por seus 80 anos de vida durante da VI Bienal Internacional do Livro de Pernambuco.
Ariano é paraibano radicado em Pernambuco e autor de obras como Uma mulher vestida de Sol, A Pedra do Reino, O Auto da Compadecida e tantas outras. Formado em Direito e Filosofia, o escritor é fundador do Movimento Armorial, que tem como objetivo criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro.


Embora seja mais ligado à literatura por conta de Ariano Suassuna, o Movimento Armorial procura atingir todas as formas de expressões artísticas: música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões.
As obras de Ariano Suassuna já foram traduzidas para inglês, francês, espanhol, alemão, holandês, italiano e polonês. Com toda essa bagagem, o escritor é sem dúvida um dos maiores nomes vivos da literatura brasileira.



Programação



Auditório Clarice Lispector
05/10 (sexta-feira)


10h - Abertura Oficial da VI Bienal Internacional do Livro de PernambucoHomenageada da Bienal: Academia Brasileira de Letras pelos seus 110 anos de fundação
15h às 17h30- Inauguração do Auditório Clarice Lispector com: “Homenagem a Clarice ispector”
Coordenadora: Fátima Quintas


Palestrantes:Dulcinea Santos: “Clarice e os traços da Paixão”Carlos Eduardo Carvalheira: “Clarice e os traços da Paixão”Luzilá Gonçalves: “Clarice cronista, a descoberta do mundo”José Mário Rodrigues: “Um exercício profundo de si mesmo”
Exibição do vídeo: “Clarice, o Recife em mim”


17h45 às 18h45- “Diálogos entre a Imagem e a Palavra: desafios da educação contemporânea”
Palestrantes:Solange CoutinhoFernando Azevedo


19h às 20h - “Literatura e Underground”
Delmo Montenegro apresenta: Santiago Nazarian (SP)


20h15 às 21h15 - “Os 110 anos da Academia Brasileira de Letras”
Saudação: Marcus Accioly


Acadêmicos: Marcos Vinícios Vilaça, Murilo Melo Filho, Domício Proença, Sérgio Paulo Rouanet, Marco Maciel e Arnaldo Niskier


06/10 (sábado)
10h às 12h- “Oficina de produção textual” (Gratuita)
Oficineira: Flávia Suassuna


14h às 15h- “O papel das Academias e Associações de escritores”
Palestrantes: Alexandre Santos e Vital Correia


15h15 às 16h15- “Academia Pernambucana de Letras: Saudação a César Leal, Débora Brennand e José Paulo Cavalcanti”
Coordenador: Waldênio Porto


16h30 às 17h30 - “Homenagem aos 90 anos de Hermilo Borba Filho”
“Hermilo: reflexões sobre Estética e compromisso”Palestrantes: Cristiano Ramos
“A dramaturgia de Hermilo Borba Filho e a modernidade no teatro brasileiro”Luís Reis
Coordenação: Leda Alves


Apresentação do livro “A Palavra de Hermilo”, organizadores: Juareiz Correya e Leda Alves
17h45 às 18h45 - “Riso e Melancolia”
Acadêmico Marco Maciel apresenta:
Palestrante: Acadêmico Paulo Sérgio Rouanet


19h às 20h - “Mauro Mota”Palestrante: Acadêmico Murilo Melo Filho
“Reforma Ortográfica”Palestrante: Acadêmico Domício Proença
Coordenação: Marcus Accioly


20h15 às 21h15 - “Musital para Ariano” com Bia, Antônio Marinho, Greg e Miguel (Grupo Em Canto e Poesia). Aula Espetáculo de Ariano Suassuna


07/10 (domingo)


11h às 12h- “Agenda do poeta”- Lançamento de agenda


14h às 15h- “Leitura e lazer, a festa do livro”
Palestrante: Leda Maya (Biblioteca Pública do Estado)


15h15 às 16h15- “Performance: Rasif - Mar que Arrebenta”
Palestrante: Marcelino Freire


16h30 às 17h30- “Literatura e Censura”
Marcelo Pereira apresenta: Paulo César Araújo


17h45 às 18h45- “A Dança em torno do Prazer”
Christoph Ostendorf apresenta: Ariadne von Schirach (Alemanha)


19h às 20h- “Filosofia e Televisão”
Fábio Lucas apresenta: Márcia Tiburi


20h15 às 21h15- “Literatura e Periferia”
Renato L apresenta: Ferréz (SP)


08/10 (segunda-feira)
10h às 12h- “Oficina Literária” (paga)
Escritor: Raimundo Carrero


14h às 15h - “Lançamento da 2° edição do Programa Manoel Bandeira de Formação de Leitores – Prefeitura da Cidade do Recife”
Palestrantes: João Paulo Lima e Silva - Prefeito da Cidade do Recife e Maria Luiza Aléssio - Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do Recife


15h às 16h15- “Literatura e Novas Mídias”
Palestrantes: Cida Pedrosa e Cláudia Cordeiro


16h30 às 17h30- “Literatura e Humor”
Palestrantes: Marcelo Mário Melo e Diego Raphael


19h às 20h- “A naturalidade das coisas na poesia de Joaquim Cardozo”
Palestrante: José Luís Passos – Universidade de Berckeley (CA, EUA) - “Dimensões do acontecer na lírica de Joaquim Cardozo”
Palestrante: Maria da Paz Ribeiro Dantas (crítica literária)
Coordenação: Weydson Barros Leal


20h15 às 22h - “Financiamento à Cultura”Palestrantes: Roberto Nascimento (Secretário de Fomento e Incentivo à Cultura - MinC), Pedro Rafael Lapa (Diretor de Gestão do Desenvolvimento - BNB) e Henilton Menezes (Gerente do Ambiente de Gestão à Cultura)


09/10 (terça-feira)


10h às 12h- “Oficina Literária” (paga)
Escritor: Raimundo Carrero


14h às 15h- “Biblioteca: Visão de Futuro”
Palestrante: Luiz Augusto Milanesi – USP (Biblioteca Pública do Estado)


15h15 às 16h15 - “João Cabral: O Cão sem Plumas no Palco”
Palestrantes: Camilo Cavalcante e Silvio Pinto


16h30 às 17h30 - “Hora da Galhofa – 25 anos do Hipopocaré”
Palestrante: Antônio Guinho


17h45 às 18h45- “Literatura e Quadrinhos”
João Lins apresenta: Pascal Rabaté (cartunista francês)
Antônio Cedraz (criador da Turma do Xaxado- “Mestre dos quadrinhos”)


19h às 20h- “Maximiano Campos: Criador de personagens”
Palestrante: Raimundo Carrero


20h15 às 21h15 - “Políticas Públicas e formação de leitores: desafios e perspectivas”
Palestrantes:Jeanete Beauchamp - MECZélia Porto – SE - UFPELívia Suassuna - UFPECarmem Lucia Bezerra Bandeira - PCR


10/10 (quarta-feira)


10h às 12h- “Oficina Literária” (paga)
Escritor: Raimundo Carrero


14h às 15h - “O cinema como linguagem de comunicação”
Palestrantes:Rita Maria ZorzenonPaulo Cunha


15h15 às 16h15h- “Terra e Poesia: Espanha e Pernambuco em João Cabral” – Passagem simbólica das Correspondências do Poeta João Cabral de Melo neto do acervo da Casa de Rui Barbosa para o Arquivo Público Estadual – FUNDARPE
Luciana Azevedo (Presidente da Fundarpe) apresenta: Selma Vasconcelos


16h30 às 17h:30- “Literatura e Teatro: o papel do texto”
Palestrantes: Carlos Reis e Cláudio Aguiar


17h45 às 18h45- “O Felipão é Quem Sabe”
Perón Rios apresenta: Jorge Reis-Sá (Portugal)


19h às 20h - “Poesia e Música”
Marco Polo apresenta: Jaci Bezerra (poeta da geração de 35) e Zoca Madureira (músico)


20h15 às 21h15- “Literatura e Arte”
Mariana Oliveira apresenta: Jacineide Travassos, José Claudio e Badida (pintores pernambucanos)


11/10 (quinta-feira)


10h às 12h- “Oficina de Poesia Popular”
Realização: UNICORDEL


14h às 16h15- Oficina: “Ciranda dos autores: Histórias para pequenos e grandes” (gratuita)
Oficineiros: Lenice Gomes, Walther Moreira, Felipe Botelho e Hugo Monteiro
Mediadores: Profª Liliane Jamir e Profª Neide Medeiros (Paulinas)


16h30 às 17h30- “A História como fonte para Literatura e a Literatura como fonte da História”
Thiago Dantas apresenta: Paulo Santos – Autor de “A noiva da Revolução” e Socorro Ferraz – UFPE


17h45 às 18h45- “A Literatura e a percepção fragmentária do mundo”
Palestrante: Lourival Holanda - UFPE e Janilto Andrade – UNICAP: “Literatura e Cinema: Diálogo antigo, Revelações sempre novas”.
Coordenação: Marcelo Sandes


19h às 20h- “A questão da autoria na TV”
Maria Helena Porto apresenta: Cíntia Moscovich (RS)


20h15 às 21h15- “Literatura e Música”
Ézio Rafael apresenta: Lirinha – Cordel do Fogo Encantado


12/10 (sexta-feira)
10h às 12h30- “Mini-oficina: Como trabalhar o teatro em sala de aula” (gratuita)
Oficineiro: Felipe Botelho (Paulinas)


14h às 15h- “Prêmio Civitate – Amigo do Livro 2007”
Organizador: Jacques Ribemboim


15h15 às 16h15- “Coronelismo e Literatura”
José Nivaldo apresenta: André Heráclio


16h30 às 17h30- “Literatura Brasileira no idioma alemão: desafios e sucessos”
Christoph Ostendorf apresenta: Bertold Zilly (Alemanha)


17h45 às 18h15- “Portugal e Brasil: parentes afastados ou irmãos próximos?”
Palestrantes: Maria João Cantinho (Portugal) e Luís Carlos Patraquim (Moçambique): “Poesia de Moçambique”
Coordenação: Luís Carlos Monteiro e Maria Alice


19h às 20h- “Nova era de Desenvolvimento em Pernambuco”
Palestrante: BNB


20h15 às 21h15- “Livro e Leitura”
Coordenação: Tarciana Portela – MinC
Palestrante: Igor Ximenes Graciano – MinC


20h15 às 21h15- “Literatura e Vida”
Carolina Leão apresenta: Moacyr Scliar (ABL)


13/10 (sábado)
10h às 12h30- “Mini-oficina: Datas Comemorativas”
Oficineira: Cleópatra Valença (Paulinas)


14h às 16h15- “Arte e Saúde: Cordéis, Grafitagens, Cartuns e Jingles” – Arte na Medicina – UPE
Coordenador: Paulo Barreto Campello de Melo


Palestrantes: Wilson Freire - Cordéis, Ronaldo Cunha Dias – Cartuns (RS), João Alberto Silveira – Jingles (SE), Sebastião Ourinho – Grafitagem e Manoel Bione – Cartuns


Lançamento do livro “Cartunismo médico sem contra-indicações” do Dr. Ronaldo Cunha Dias – RS


16h30 às 18h45- “Literatura e Compromisso Social”
Palestrantes:Pedro Cabrera – (Venezuela)Roger Herrera – (Venezuela)Carlos Duque – Editora Monte Ávila (Venezuela)Diana Rosa Falcón – (Cuba)


19h às 20h- “Literatura e TV”
Jô Mazzarolo apresenta: Márcio Souza


20h15 às 21h15 - “Amor e ódio: duas poéticas em prosa”
Apresenta: Cida Sepúlveda e Nelson de Oliveira


14/10 (domingo)


10h às 12h- “Teoria Crítica e Educação”
Palestrante: Dr. Pe. Anderson Alencar Menezes, SDB (Paulus)


14h às 15h-“Pedagogia da Humanização – Centro Paulo Freire – Estudos e Pesquisas”
Palestrantes: Mirian Burgos e Xavier Uytdentbroek


15h15 às 16h15 “A Interface entre a Literatura popular e a erudita”
Palestrantes:Luiz BertoJosé Honório: “A Poesia popular produzida hoje no Nordeste”Joselito Nunes: “A necessidade do registro das narrativas orais”Dedé Monteiro: “Recitativo”


16h30 às 17h30- “Gregório de Matos e o exílio”
Jomard Muniz de Brito apresenta: Fernando da Rocha Peres


17h45 às 18h45 “Macunaíma: Um herói sem pai”
Jomard Muniz de Brito apresenta: Urânia Tourinho Peres


20h15 às 21h15 - “Literatura e Política”
Adriana Dória Matos apresenta: Márcia Denser


21:15h às 22:00h - “Literatura: Para quê?”
Palestrantes: Márcia Denser, Ronaldo Brito, Raimundo Carrero, Márcio Souza e Homero Fonseca

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Camisas dA Casa Amarela - Comunidade!


"Lá dentro posso com efeito viver e respirar e pensar e pintar.''



Van Gogh

Faça parte da Comunidade Artística dA Casa Amarela -
na VI Bienal do Livro 2007

quando: Sexta-feira, 05 de Outubro de 2007
local: Centro de Convenções - Olinda
contatos: Geórgia Alves - 9425.0258

terça-feira, 2 de outubro de 2007


A América Latina está onde o sol vai vindo. Está a estrela solar em todas as suas extremidades. Um pouquinho menos nos seus extremos norte e sul. Continentes e países banhados pela luz maior da natureza. A Casa Solar do nosso planeta. Abaixo da linha do Equador está a América do Sul e o Brasil. São muitos os paraísos deste mundo, mas o continente da fé e do amor à alegria natural é aqui. A Casa do Sol da linha do Equador. Onde não existe pecado, onde não existe tristeza, onde não há rigores do inverno ou melancolias do outono. Há chuva, lá isso há! Graus abaixo de zero que logo desaparecem da memória dos termômetros.


Porto de Galinhas é um desses paraísos tropicais. Há altas temperaturas e um calor escaldante. Há em cada recanto dessa casa solar, a cor amarela. A luz amarela e branca da luz do sol. Há o alaranjado-rubro do pôr-do-sol. Há a tarde violeta. Nessa Casa Solar, extremo do imenso continente solar, banhado pelo Oceano Atlântico, há a alegria vibrante da cor da realização. Da força do humano. Do Amor à vida.


Do encontro com a literatura. Que lembrou Frida - cem anos nascida -, 90 anos de Hermilo Borba Filho, 80 anos de Ariano Suassuna, 80 anos de Gabriel Gárcia Màrquez, 70 anos do gaúcho Moacyr Scliar, 50 anos sem a mexicana Gabriela Mistral, Nélida Piñon (nascida em 1937), Clarice Lispector (que há 30 anos nos deixou em carne, não em vida), Marcus Accioly e sua Latinomérica, Abreu e Lima e o editor de muitos José Olympio.

Lugar para Nélida Piñon declarar: "o autor escreve para conquistar as pessoas. Ninguém é feliz sozinho...". Onde Ariano Suassuna escolhe Cervantes que para o mestre apresenta uma única e mesma situação. A fantasia da realidade, que brutalmente se apresenta ao herói de maneira verdadeiramente cruel como aquilo que invariavelmente atinge Dom Quixote. "É por acreditar que todos agem como ele, de boa fé. Que a humanidade é digna e verdadeira como ele, que ele sofre agruras e enganos fatais. Ele, Dom Quixote, era incapaz de faltar com a palavra e, por isso, julgava os outros do mesmo jeito. O livro mostra como o mundo é mesquinho e que a generosidade é sempre punida".

Onde para Eduardo Agualusa é possível ver melhor a realidade da América Latina e o que têm a dizer suas vozes, ali representadas por escritores. Onde Luzilá Gonçalves Ferreira acredita na importância da interação que sempre defendeu o cearense César Leal. Onde é possível ver, há trinta anos, ele, Ariano, Brennand e outros do grupo em reuniões criativas dominicais. Que além de tudo serviram para desvelar a poesia delicada de Débora Brennand...

Onde Marcus Accioly emocionou-se com a platéia, como "Um Novo Velho do Restelo". Palavras do doutor e livre docente pela Universidade de Paris 3-Sorbonne Nouvelle, além de professor da Universidade Blaise Pascal, Chermont 2), Saulo Neiva. Tudo por causa de um canto lançado em 2001, que segundo o autor "levou 20 anos...". Trouxe-nos cinco séculos de história mal contada e vivida em pele nua de índio e americanolatino.

Onde a lua esteve presente em diferentes fases mas nunca encoberta por sombra nenhuma. Permitam o instante de tamanha alegria... De carecida epifania... Do encontro "ao vivo" com a comunidade da Casa Solar Amarela!!!

domingo, 23 de setembro de 2007

A Comunidade da Casa Amarela

Geórgia, Tudo bem com você?



Escrevi algo sobre o sentido da ''casa amarela'', de Van Gogh. Não se trata de texto teórico. É a minha rápida recepção da obra. Para expandir o assunto, pensei que seria interessante criar '' Os amigos da/de Casa Amarela" : Comunidade que teria como objetivo fazer com que essa casa imaginária fosse 'reconstruída' ou ' habitada ' de maneira criadora. Deu para entender? Depois explico melhor.



Um abraço,

Jeane



Deu para visualizar. Na verdade, ver tudo pronto, bonito e amarelo! Por mim, com toda força, à guisa de realização, tudo começa agora. Neste exato instante, existe A Comunidade dA Casa Amarela.



Abraço,
Geórgia

sábado, 22 de setembro de 2007

A “casa sonhada de Van Gogh”

Por Jeane Guimarães*

Em maio de 1888, Van Gogh aluga por 15 francos, ao mês, a parte direita de um prédio de dois andares: ali nascia a possibilidade de fundar a sonhada comunidade artística. Van Gogh manda pintar a casa da cor amarela que para ele era ‘ a mais importante e simbólica’. Com a ajuda de seu irmão Theo, que lhe enviou 300 francos, a mobiliou modestamente. Finalmente, muda-se para a “Casa Amarela”, em meados do mês de setembro.


Ali viveu uma curta sensação de felicidade oferecida pela sua casa. Contudo, os seus problemas de saúde, as dificuldades financeiras, o seu conturbado convívio com o companheiro, o pintor Gauguin , entres tantos outros motivos, acabam impedindo a realização do seu sonho. Com a saúde fragilizada e tendo constantes crises, Van Gogh se interna em sanatórios para cuidar de sua doença. Em julho de 1890, acaba morrendo num quarto da hospedaria Ravoux .


O seu quadro “ A Casa Amarela”, foi pintado em setembro de 1888, nele todas as casas foram pintadas de amarelo ‘como se estivessem à sua disposição’. Talvez, esta obra seja a mais representativa do sonho de vida e arte de Van Gogh: ela é a imagem de um estado de alma. O gênio holandês pintou a sua exaltação, o que era naquele momento erigido do seu íntimo. Metaforicamente, poderíamos dizer que “ a casa amarela” de Van Gogh habita em todos nós o desejo de realização.

"A minha casa aqui é pintada por fora de amarelo -manteiga e tem persianas em verde-forte; fica, rodeada de sol, numa praça , onde também há um parque verde com plátanos, aloendros , acácias. Por dentro é pintada de branco e o chão é de azulejos vermelhos. E por cima, o céu de azul luminoso. Lá dentro posso com efeito viver e respirar e pensar e pintar".

Vincent Van Gogh*



*Jeane Guimarães é mestre em Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco, com trabalho de pesquisa sobre o poeta chileno Vicente Huidobro. Domina as Literaturas de Língua Espanhola, curso concluído no Centro de Artes e Comunicação da UFPE.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Arre Siriema!

Arre Siriema! Avoa Cariama Cristata. Gruiformes tão chamando!!! Vai vai passear pela Serra Gaúcha. Porque só a região central do Brasil, e claro: Madagascar!, tem variedade tão grande. Tu e outras espécies, vais vivendo nesse cerrado virgem e mesmo nas regiões mais desenvolvidas do país.

Vai vai, Siriema fêmea, pondo teus ovinhos brancos, rosados e pintados de castanho, neste ninho. Vão macho e fêmea se revezando no cuidado das crias, chocando cada um ao seu tempo com toda paciência, os dois ovos. Sim, Siriema põe só dois. Daqui há 26 dias de vigília, os pequenos quebram a casca e piam.

Bora bora casal de Siriema, alimentar as duas crias, dia e noite, noite e dia. De par não dá, vai de bando. Vai achando comida pelo chão até que a noite chega e é certa a dormida empoleirada. Nos galhos mais baixos e (altos?) das árvores.

Toda Siriema se adapta a um clima, a uma e outra vegetação. Toda ela, quem entende sabe disso, é símbolo de força e resistência da natureza, que já por si mesma é tão combativa. Dá para ver que ave é Siriema. Basta olhar para cauda. Longa, longuinha. Com uma plumagem de cor cinza amarelado e finos traços escurinhos saindo.

Pode reparar, o buchinho da Siriema costuma ter tom mais claro. E o bico é da cor de quem luta o bom combate: Vermelho. Tem até uma crista, trazendo na testa um tufo. De penas longas, longuinhas, do tamanho de um palmo de criança. Conta uns 12 cm a depender da idade.
É uma das poucas aves que possue pestanas. Pia só que bonito!!! E tá nos cambitos a prova de que é ave grande. Chega a medir 70 cm de altura, chegando a quase um metro de cumprimento, 90 centímetros, vá lá. Pesando pouquinho, pouqinho. Tão pouquinho que um quilo e meio não dá.



Serve ao terrível bicho homem, e é considerado, mas só pelo humano que entende. E é em razão do que come. Do que toma por alimento. Devora vermes, ratos, outros roedores, insetos e pequenos répteis. A lista inclui, sem medo, cobras e lagartos.

sábado, 15 de setembro de 2007

Concurso de contos em Casa Amarela

Que Casa Amarela tem uma biblioteca popular, você já sabe. Talvez ainda não tinha a notícia de que é gerenciada, com toda energia, por Verônica Farache. O fato é que já deve saber também que a Bibliota Popular de Casa Amarela foi batizada com o nome do jornalista Alcides Lopes, numa homenagem da Prefeitura do Recife ao também escritor nascido em São Benedito, na mata sul do Estado. Fato que se deu na manhã de uma segunda-feira, dia 17 de outubro de 2005. Um ano depois da morte de Alcides Lopes. Reproduzo aqui a matéria do site da Prefeitura do Recife (http://www.recife.pe.gov.br/)

Prefeito sanciona Lei - 17/10/05 - Boletim eletrônico da Prefeitura do Recife

O jornalista e escritor Alcides Lopes, falecido em 2004, será homenageado pela Prefeitura do Recife. O Prefeito João Paulo sancionou, na sala de reuniões do seu gabinete, a Lei 90/05, de autoria do Vereador Carlos Gueiros, que denomina de Jornalista Alcides Lopes a Biblioteca Popular de Casa Amarela. Compareceram vários filhos, netos, e um bisneto do homenageado.“Estamos emocionados com o reconhecimento dado à memória do meu pai. Queremos agradecer aos vereadores, em especial a Carlos Gueiros e ao prefeito João Paulo, por esta demonstração de carinho a um simples e honrado cidadão”, disse Alcine Lopes, filho do jornalista.


Os familiares de Alcides comunicaram ao prefeito que estão doando à biblioteca o acervo de mais de 1.400 volumes deixados pelo jornalista.“Este gesto de doação vai ajudar a muitas pessoas da comunidade de Casa Amarela e da cidade. Este ato é uma modesta homenagem a quem tanto contribuiu para a história do Recife”, disse João Paulo.História - Alcides Lopes nasceu em São Benedito, mata sul do Estado, em 9/05/1912. Mudou-se para o Recife em 1945 para assumir a gerência da empresa Jornal do Commercio, onde ficou por 27 anos. Trabalhou ainda em jornais de vários estados e voltou a trabalhar no Sistema Jornal do Commercio entre os anos de 1974 até 1983. Após a aposentadoria passou a se dedicar à literatura e escreveu 10 livros. O jornalista faleceu no dia 4 de novembro de 2004.


No dia 05 de Setembro do ano passado, a decisão foi oficializada.


fonte: http://www.recife.pe.gov.br/: Boletim eletrônico da Prefeitura do Recife - 05/09/06


A Biblioteca de Casa Amarela da Prefeitura do Recife passa a se chamar Biblioteca Popular de Casa Amarela Jornalista Alcides Lopes. A homenagem foi oficializada em solenidade, no final da tarde desta terça-feira (5), na própria Biblioteca. Em outubro do ano passado, o prefeito João Paulo sancionou o projeto de lei de autoria do vereador Carlos Gueiros, instituindo a novo nome, prestando uma homenagem ao jornalista que trabalhou por 27 anos na gerência da empresa Jornal do Commercio. O ato contou com a presença do adjunto da Presidência da Fundação de Cultura do Recife, Fernando Augusto; representando o prefeito João Paulo na solenidade, do vereador Carlos Gueiros; além de familiares e amigos de Alcides Lopes.


A família de Alcides Lopes doou à Biblioteca um acervo com cerca de 1.400 livros deixados pelo jornalista, além de financiar a pintura do local e as placas com o novo nome. “Este é um gesto de inclusão social, dando acesso à cultura através dos livros”, afirmou Fernando Augusto. “Meu pai morou 62 anos em Casa Amarela. Quando ele morreu, decidimos doar seus livros para que o povo do Recife tenha a oportunidade de consultar esse acervo. E nada melhor do que na Biblioteca do bairro onde ele morou por tanto tempo. Assim, colocamos a serviço do público um acervo tão rico, que possibilitará o enriquecimento da cultura da população da cidade, além de fazer uma justa homenagem a Alcides Lopes”, explicou Alcine Lopes, de 72 anos, filho mais velho do jornalista.


(seguindo novamente informações sobre a biografia do jornalista e escritor)


Bom, o fato é que a Biblioteca Popular Alcides Lopes, de Casa Amarela, está promovendo um concurso de contos. Onde homenageia o contista nascido em Garanhus, Luís Jardim. De nome completo Luís Inácio de Miranda Jardim, nascido em 08 de dezembro de 1901, na cidade mais florida do Agreste do Estado, Garanhuns. Luís Jardim começou a carreira como escritor em 1928 com um artigo para um de nossos jornais. E entre seus livros mais famosos estão: Maria Perigosa e O Tatu e o Macaco, e o romance As Confissões do meu Tio Gonzaga.


CURIOSIDADE: Com o livro Maria Perigosa, Luís Jardim ganhou, em 1939, o Concurso Humberto de Campos. Ao qual também concorria o escritor Guimarães Rosa, sob o pseudônimo de “Viator”. Os responsáveis pelos dois votos que deram a vitória ao pernambucano foram: Marques Rebelo e Prudente de Morais Neto. E ambos, na seleção final, o escolheram para o prêmio: Maria Perigosa, do autor saído de Garanhuns. Diz a história que foi Peregrino Júnior o escolhido para solucionar o caso, desempatando em favor do sr. Luís Jardim.


Quem envia o edital para divulgação é a gerente de serviços Verônica Farache, direto da Biblioteca Popular de Casa Amarela Jornalista Alcides Lopes.


5º CONCURSO DE CONTOS LUÍS JARDIM - R E G U L A M E N T O

Recife, 26 de julho de 2007

Art. 1° - O 5º Concurso de Contos Luís Jardim abrange o gênero narrativo e tem como objetivos incentivar, descobrir e divulgar novos talentos na literatura pernambucana, no âmbito da Biblioteca Popular de Casa Amarela.

Art. 2° - A) O Concurso é aberto à participação de qualquer interessado maior de 18 anos.
- B) É vedada a participação no concurso de funcionários das bibliotecas públicas municipais.

Art. 3° - Os participantes devem inscrever um conto inédito com no máximo de três laudas. Cada pessoa pode participar com até dois textos; mas apenas um texto poderá ser premiado.

Art. 4° - Os originais devem ser enviados em cinco vias digitadas em Times ou Arial, tamanho 12, e impressas em papel A-4 (na cor preta, com espaço duplo e alinhamento justificado), assinados com um pseudônimo (que não deve ser um nome próprio), em um envelope grande (ofício).


Parágrafo único: Os originais devem estar acompanhados de um envelope (tipo carta) lacrado, identificado externamente apenas pelo pseudônimo, contendo (no seu interior) os dados de identificação do autor (pseudônimo, nome completo, endereço, e-mail, telefone(s) para contato e currículo resumido).

Art. 5° - Os textos devem ser entregues pessoalmente na Biblioteca Popular de Casa Amarela, situada à Rua Major Afonso Leal, s/n, Casa Amarela, CEP: 52070-160, aos cuidados da Comissão Julgadora do 5º Concurso de Contos Luís Jardim, recebendo, no ato, um Comprovante de Inscrição. Também são aceitas inscrições através dos Correios postadas até o último dia do prazo para inscrição.

Art. 6° - As inscrições estarão abertas no período de 03 a 28 de setembro de 2007, valendo como comprovante a data de entrega dos textos na Biblioteca ou a data de postagem nos Correios. A não adequação às normas aqui estabelecidas invalida a inscrição.

Art. 7° - Os textos inscritos não serão devolvidos, e não serão pagos direitos autorais.

Art. 8° - Os contos inscritos serão analisados por uma Comissão Julgadora composta pelos seguintes especialistas na área de Literatura:
1- Maria Lenice Gomes da Silva (Escritora e especialista em Literatura Infanto-Juvenil);
2- Neide Medeiros Santos (Doutora em Estudos literários pela UNESP);
3- Francisco Ferreira de Mesquita Filho (Professor, poeta e crítico literário);

Parágrafo único: A presidência da Comissão Julgadora cabe à escritora Maria Lenice Gomes da Silva.

Art. 9° - Os três primeiros colocados receberão os seguintes prêmios: 1º lugar: R$ 600,00 (seiscentos reais); 2º lugar: R$ 400,00 (quatrocentos reais); e 3º lugar: R$ 300,00 (trezentos reais). Também serão concedidas (02) menções honrosas.

Parágrafo único: A referida premiação será paga mediante apresentação da Carteira de Identidade, CPF, comprovante de residência, inscrição no PIS/PASEP e comprovante bancário.

Art. 10 - O resultado do 5º Concurso de Contos Luís Jardim será divulgado no dia 20 de novembro de 2007 e a cerimônia de premiação ocorrerá no dia 06 de dezembro do corrente, na própria Biblioteca, onde será distribuída uma plaquete com edição dos (05) cinco contos selecionados.

Art. 11 - As dúvidas e os casos omissos serão decididos pela Comissão Julgadora. Ao se inscrever no 5º Concurso de Contos Luís Jardim, o candidato está automaticamente concordando com todos os artigos deste Regulamento.

Art. 12 - Da qualidade dos contos concorrentes não caberá qualquer recurso, ficando esta medida adstrita às condições extrínsecas do concurso, dispostas nas cláusulas deste Regulamento, que será julgado pelo Diretor Presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, em segunda instância.



quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Aventuras de Alice no País.... da Casa Amarela


O matemático e escritor inglês Charles Lutwidge Dodson vai perdoar-me a intertextualidade. Até porque era ele detentor de um equívoco muito maior, para não dizer "pecado hediondo". Eu, de minha parte tomo apenas - a parte - o título por inspiração mesmo. Enquanto Carroll, de sua feita, tinha uma obsessão por ainda meninas. Alice Lidell, filha do chefe (ou da época: deão) da Christ Church, que deu origem à Universidade de Oxford, que tinha apenas dez anos de idade, foi sua paixão platônica mais duradoura.


Platônica. Pelo menos no que afirmam os livros. Embora seja de realidade muito matematicamente precisa a reação de Alice ao comer, primeiro, um pedacinho do bolo "com ansiedade" e depois se perguntar (em loucura - grifo meu) "E agora? E agora? - colocando a mão em cima da cabeça, a fim de sentir se estava crescendo ou diminuindo. E ficou bastante surpresa de ver que continuava do mesmo tamanho". Embora logo depois as paredes se estreitem e o céu lhe caia sobre a cabeça.

Instiste o autor, em título real: "Alice's adventures in Wonderland" - que em pouquíssimo tem a ver com o que serviu durante anos como título traduzido: "Alice no país das maravilhas". Onde já se viu! Maravilha é esse país debaixo dos trópicos onde nada se vê e ninguém é responsável por um número cada vez maior de adolescentes grávidas - perdoem-me os caríssimos ou nenhum leitor.

Mas estava a concluir o parágra, o senhor matemático, que "continuar do mesmo tamanho é o que geralmente acontece - e aí depende muito do ciclo ou insidência as oscilações de humores e fluxo regidos por luas - quando se come bolo, é claro;"

Em galhofa de singular pedantismo, analisa a reação da menina: "mas Alice estava tão acostumada a só esperar coisas extraordinárias que agora parecia maçante e enfadonho as coisas acontecerem de modo comum. Portanto, pôs mãos à obra e devorou o bolo de uma vez".

Segue-se ao parágrafo reações descompensadinhas de Alice. Não é de se estranhar que a Wall Disney tenha escolhido a cor "magenta" e sorriso tão cínico sem qualquer injustiça para com o gato. Terrível. Muito pertinho de um personagem de filme de terror.








Nota 1: A leitura é possível graças ao Círculo do Livro S.A. (São Paulo, Cx Postal 7413), que publicou a nova versão, em nada parecida com a anterior traduzida com superficialidade, concedida a nós mortais em versão mais "pura" por Sebastião Uchoa Leite.


Nota 2: Detalhe importante: Informa o Wikipédia, que Carroll, ou melhor, Lutwidge Dodson, jamais se casou.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Flores Amarelas



Elas estão com tudo no bairro...
É claro: vem chegando a Primavera...






Bastasse o sobrenome. Já se sentiriam parentes!









Ainda há o delicado
perfume, que combina com o lugar.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

(foto fantasia)

A Casa dos Doces é o lugar para se cometer o pecado da gula, em Casa Amarela. São tortas de bem-casado, crocante de chocolate, alemã e menta, o maravilhosode bolo de noiva, além de docinhos de frutas, como cereja, ameixa, abacaxi e maracujá. A sobremesa Tijolinho Prestígio, de coco com chocolate e muito leite condensado merece o destaque. Outros diferenciais da casa são a queijadinha ao forno e as quiches doces de brigadeiro e prestígio.

Entre os salgados, as opções são as tortinhas de frango com catupiry ou camarão, as coxinhas e os pastéis. Aceita encomendas e entrega em domicílio. Para melhorar os serviços e controlar a qualidade dos produtos, a proprietária Cristiane Luiza do Nascimento sempre telefona para os clientes no dia seguinte à entrega para obter feedback.

Estrada do Arraial, 3666, Casa Amarela (claro!)
Telefone para contato: 3268-4849
Aberto todos os dias da semana das 10h às 19h

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Noel Rosa em Casa Amarela

O grupo Sonora Madeira, com Kaica e músicos, está às quartas no bar Toca da Joana, e isso faz com que Noel Rosa também. Suas canções vem oferecendo colorido diferente àquela esquina da rua Conselheiro Nabuco bem na curva da sementeira...

O Pierrô Apaixonado estave ontem por lá. Firme entre as "pérolas" escolhidas, para apropriada platéia que soube receber tamanha riqueza. Aquele tal Pierrô que vivia só cantando e que por causa de uma Colombina/ "acabou chorando (duas vezes)"/ou ainda - se seguiu os conselhos da terrível personagem feminina que bebeu assim assim - está até agora tomando "sorvete com o Arlequim" /na última das hipóteses: "vermut com amendoim"/.

Dava para abrir um parágrafo inteiro com a genialidade de Noel Rosa. Vou fazê-lo, registrando a interpretação do Sonora Madeira. Segue letra da música criada em 1935, por Noel e Heitor dos Prazeres:
(curiosidade: o aniversário do Rosa está próximo, no verão, 11 de dezembro de 1910).

Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando

A colombina entrou num butiquim
Bebeu, bebeu, saiu assim, assim
Dizendo: pierrô cacete
Vai tomar sorvete com o arlequim

Um grande amor tem sempre um triste fim
Com o pierrô aconteceu assim
Levando esse grande chute
Foi tomar vermute com amendoim




No repertório do grupo, além de Noel, canções de Mansueto, que lembrou Kaica, "era alguém que os amigos conheciam como alguém muito alegre, mas fez músicas muito tristes". Emendou com:


Mora na Filosofia (Mansueto e A. Pessoa)

Eu vou lhe dar a decisão
Botei na balança
E você não pesou
Botei na peneira
E você não passou

Mora na filosofia
Pra que rimar amor e dor

Se seu corpo ficasse marcado
Por lábios ou mão carinhosas
Eu saberia,
Ora vai mulher...
À quantos você pertencia

Não vou me preocupar em ver teu caso
Não é de ver pra crer, tá na cara

(Mesmo triste o desabafo...aposto, nem era bem assim.)Bom, o Madeira Sonora segue com: Geraldo Pereira, João Gilberto e músicas de autoria do próprio grupo, a exemplo da inspiradíssima "Casa Vazia" e "5 minutos". Um trecho:

Caiu uma lágrima
Cinco minutos depois
Que a dor virou a esquina
Vazia de você que ia

Cinco minutos depois,
Que a dor pesou,
O gesto, leve, da mão
Na carícia, de um sem lar.

(e por aí vai muito bem ...)

A programação da Toca da Joana, Rua Conselheiro Nabuco, 21, Casa Amarela Confere logo! aqui...:

5a.feira: dibontom
6a.feira: NA CALÇADA (Karina Spinelli e Lucas dos Prazeres)


Sábado:
18 às 21h - NA SEMENTE (NADO DA CUÍCA &)
21h em diante - dibontom

Domingo de Blues: EL MOCAMBO

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Ruas e Personagens de Casa Amarela


Conselheiro Nabuco

Homenagem ao patrono da Assembléia Legislativa de Pernambuco. O jornalista e diplomata Joaquim Nabuco. Já na sua etapa, conselheiro.

Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu em um velho sobrado na Rua do aterro da Boa Vista, hoje Rua da Imperatriz Tereza Cristina, e ainda de pé no local, embora em precárias condições. Foi no dia 19 de Agosto de 1849. Filho de José Tomás Nabuco de Araújo, que não se rogaria a recusar a penca de Senador vindo de tal família, e Ana Benigna de Sá Barreto, igualmente importante.

Portanto, em berço de gente ilustríssima, como atesta Manuel Correia de Andrade, "uma influente família baiana que dava senadores ao Império desde o Primeiro Reinado". Enquanto, se poderia dizer que a influência dos Paes Barreto em Pernambuco, vem desde o século XVI, graças a Francisco Paes Barreto, último morgado do Cabo e marquês do Recife.

Pois, bem, foi no Cabo, há 8 de dezembro de 1849 que Joaquim Nabuco foi batizado pelos padrinho e senhores do Engenho Massangana, Joaquim Aurélio Pereira de Carvalho e d. Ana Rosa Falcão de Carvalho. E onde cresceu sob os cuidados de D'Ana, que teve grande influência na criação do menino, diante das inúmeras viagens dos pais de Nabuco à Corte. E foi no Engenho Massangana que Joaquim Nabuco viveu sua infância, até o ano de 1857, quando morre a madrinha, d'Ana. Foi ali, que conviveu de perto com a experiência da escravidão do Brasil, o que explicaria todo seu "conhecimento de causa" em argumentos para idéias abolicionistas direcionadas a seu país.

Aos oito anos, depois da morte de d. Ana Rosa, Joaquim Nabuco vai morar com os pais, no Rio Janeiro, onde faz os estudos de nível primário e secundário, sendo este último, na cidade de Nova Friburgo, em colégio dirigido pelo famoso barão de Tauthphoeus. Aos 15 anos, em 1866, Inicia os estudos de Direito na Faculdade de São Paulo, destacando-se entre os colegas, como orador. Assim, a 2 de abril de 1868, foi o orador que saudou José Bonifácio, o moço, quando este regressou à sua cidade, após perder o lugar de ministro, com a queda do Gabinete Zacarias.

Aos vinte anos, em 1869, é transferido para a Faculdade de Direito do Recife, onde se aproximou dos seus parentes maternos e de amigos; escreveu A escravidão, que permaneceu inédito até 1988, quando foi publicado pela Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, e escandalizou a sociedade da época ao defender, em um júri, um escravo negro que assassinara o senhor do Engenho.

Aos vinte eum anos, no ano de 1870, no dia 28 de janeiro é diplomado em Ciências Sociais e Jurídicas, pela Faculdade de Direito do Recife. Depois de formado volta ao Rio, para tentar a advocacia, cidade onde o pai tinha um excelente escritório. Onde acabou optando por enveredar-se pelo jornalismo, estreando no periódio A Reforma, onde defendeu os princípios monárquicos.

Já aos 23 anos de idade, em 1872, Joaquim Nabuco publicou o seu primeiro livro Camões e os Lusíadas, com 294 páginas. Depois um par de opúsculos - que vem a ser segundo dicionários: pequena obra de ciência ou literatura, arte, etc. A propósito, foram dois: O gigante da Polônia,em 1864, e O povo e o trono,em 1869.

E neste mesmo ano, conclui trabalho em homenagem a Renan, que execia grande influência em seu espírito, intitulado: Le droit du meurtre. Com o dinheiro obtido com a venda do Engenho Serraria, herdado de sua madrinha, passou um ano na Europa, viajando, em contato com intelectuais e políticos, formando ali as suas idéias "para o futuro".

Aos 27 anos, em 26 de abril de 1876 conquistou seu primeiro cargo público, o de adido de legação nos Estados Unidos, cargo que lhe proporcionou um melhor conhecimento do país, onde na velhice seria embaixador, contatos e estudos em Nova Iorque (onde viveu a maior parte do tempo) e em Washington.

Em 1878, é eleito, graças ao apoio do Barão de Vila Bela, deputado geral pela província de Pernambuco, passando no ano seguinte a participar do parlamento, com destaque, em face da sua origem, ao valor de sua oratória e da independência frente ao governo Sinimbu, do seu próprio partido. Ele, ao lado de outros jovens deputados, iniciou então a campanha contra a escravidão, em favor da abolição da escravatura. Nessa legislatura Nabuco combateu um projeto de exploração do Xingu, defendendo os direitos dos indígenas (1deg. de abril) e criticou o envio de uma missão governamental à China, visando estimular à migração de chineses que deveriam substituir os escravos nas fainas agrícolas. Nabuco verberou este projeto que classificou de tentativa de "mongolização do país".

Em 1880, houve a comemoração do terceiro centenário de Camões, no Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro com Nabuco como orador oficial, de "brilhante discurso". Sua energia em dissiminar idéias políticas não conheceu fronteiras, e no mesmo ano, em sete de setembro,
instalou na casa dele a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, mais um desafio à elite conservadora da época, "que considerava", nas palavras de Manuel Correia, "a escravidão uma instituição indispensável ao desenvolvimento do Brasil". Foi aqui que Joaquim Nabuco aprofundou as divergências com o seu partido, o Liberal, e inviabilizou a sua reeleição.

Em primeiro de fevereiro de 1882 perde as eleições para a Câmara dos Deputados, quando disputou um lugar pela Corte, como representante dos abolicionistas, partiu para a Europa, para o que chamou de exílio voluntário. Em Londres viveu como advogado e jornalista (representante do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro). Foi à esta época que escreveu um dos seus principais livros, O abolicionismo, publicado em 1884.

Ano da campanha para a eleição, por Pernambuco, à Camara dos Deputados, defendendo ao lado de José Mariano, a causa do abolicionismo. Seus discursos e conferências foram reunidos no livro A campanha abolicionista, publicado em 1885, onde defendeu idéias bastante avançadas. Vitorioso sobre o candidato conservador, Machado Portela, foi entretanto expurgado pela Câmara.

Um ano depois, em 7 de Julho de 1885, houve o expurgo de Nabuco. Ato político que causou a maior revolta em Pernambuco. Então, o quinto degado distrito, formado pelos municípios de Nazaré e Bom Jardim, por decisão dos chefes liberais Ermírio Coutinho e Joaquim Francisco de Melo Cavalcanti, que renunciaram a disputa da vaga de deputado, elegeu Joaquim Nabuco para a Câmara.

É quando é acusado de atuação moderada na Câmara dos Deputados, ao defender o Gabinete Dantas e o seu projeto de libertação dos sexagenários. Em seguida à queda de Dantas, ele atacou as modificações feitas ao projeto pelo novo presidente do Conselho, J. A. Saraiva, que seria transformado em lei pelo Gabinete Cotejipe, a 28 de setembro.

Em 14 de setembro daquele ano, Nabuco apresentou à Câmara dos Deputados um projeto de lei em favor da federação das províncias, tentando concretizar velha aspiração regionalista brasileira. Um ano depois, em 15 de janeiro de 188, foi derrotado em eleição para a Câmara dos deputados ao tentar eleger-se pelo Recife.

Passou, então, a dedicar-se ao jornalismo escrevendo uma série de opúsculos, em que identificou a Monarquia com a escravidão e fez sérias críticas ao governo. Estes opúsculos se intitulavam O erro do Imperador, O Eclipse do Abolicionismo e Eleições liberais e eleições conservadoras, publicados em 1886.

Doi anos depois, retorna com vitória à polítca, 14 de setembro de 1887, Nabuco derrotou Machado Portela em eleição memorável no Recife, quando este, ministro do Império, tentava confirmar o seu mandato, voltando à Câmara para concluir o seu apostolado em favor da abolição.

Relata ainda Manuel Correia de Andrade, que no dia dez de fevereiro de 1888, Joaquim Nabuco teve uma audiência particular com o papa Leão XIII, ocasião em que relatou a luta pelo abolicionismo no Brasil, segundo o historiador "tendo possivelmente influenciado o grande pontífice na elaboração de uma encíclica contra a escravidão". Exatamente, um mês depois, em 10 de março de 1888, o Gabinete João Alfredo assume o governo com o propósito deliberado de abolir a escravatura no Brasil.

Nabuco apoiou e deu uma grande contribuição à aprovação da Lei Áurea, mesmo sendo considerado o Gabinete como conservador . Em seguida, quando os ressentidos com a abolição se lançaram contra João Alfredo, Nabuco veio em sua defesa, promovendo a 22 de maio de 1889, um dos seus mais memoráveis discursos na Câmara dos Deputados.

Naquele mesmo ano, 1889, em 28 de abril, Joaquim Nabuco casa-se com d. Evelina Torres Soares Ribeiro, filha do barão de Inhoã e fazendeiro em Maricá, na então província do Rio de Janeiro.

Em 21 de agosto, daquele ano, foi eleito deputado por Pernambuco, para a última legislatura do Império, sem ir ao Recife e sem solicitar o apoio do eleitorado. Começava a se desiludir dos processos políticos no país e temia pela queda da Monarquia, a quem era fiel, embora procurasse liberalizá-la e não poupasse críticas à instituição e ao próprio Imperador.

Proclamação da República, em 15 de novembro de 1898, por conta do seu posicionamento em favor da Monarquia, Joaquim Nabuco recusa-se, embora solicitado, a postular uma cadeira na Assembléia Constituinte de 1891. Justificou sua posição no opúsculo Por que sou monarquista.

Surge, então, em 21 de junho de 1891, o Jornal do Brasil, fundado por Rodolfo Dantas, com a finalidade de bem informar a população e de defender, de forma moderada, a restauração da Monarquia. Joaquim Nabuco é convidado a ser colaborador. Foi quando também voltou à advocacia e abrindo escritório em sociedade com o conselheiro João Alfredo. Não foram bem sucedidos na profissão e um ano depois fecharam o escritório.

Em 1892, Joaquim Nabuco e Evelina Torres Soares Ribeiro viajam à Inglaterra onde ficam por alguns anos. Joaquim Nabuco decide voltar à frequentar a Igreja Católica, abandonada na juventude, comparecendo às cerimônias religiosas e se confessando. Data de 28 de maio de 1892, confissão na Capela de Nossa Senhora das Dores. A comunhão só aconteceria no Rio de Janeiro, em 22 de dezembro do mesmo ano. Quatro anos depois, Joaquim Nabuco lança o livro Minha Fé, que foi publicado em 1986 pela Fundação Joaquim Nabuco. Na publicação relata seu processo de conversão.

No auge das disputas entre monarquistas e republicanos, em 1895, escreveu o folheto, O dever dos monarquistas, em resposta a outro escrito pelo almirante Jaceguai, favorável ao novo regime intitulado O dever do momento.

Então, no dia 12 de janeiro 1896 é publicado mainifesto do Partido Monarquista, no recém-fundado Jornal do Commercio, tendo como signatários, além de Nabuco, os conselheiros João Alfredo, Lafaiete Pereira, o visconde de Ouro Preto, Afonso Celso e outros.

É quando tem início um período de intensa atividade intelectual por parte de Joaquim Nabuco. Os anos que seguem entre, mesmo antes, em 1893 até 1899, Nabuco não aceita os cargos nem encargos da República, dedicando-se às letras, escrevendo livros e artigos para jornais e revistas.

"Alguns livros foram escritos, inicialmente, para publicação de seus capítulos, como artigos, nos jornais e na Revista do Brasil. Estes livros, quase sempre de comentários políticos, foram Balmaceda (publicado em 1895) sobre a guerra civil no Chile e A intervenção estrangeira na Revolta de 1893 (publicado em 1896) onde, além de analisar o desenrolar da luta, faz confronto entre Saldanha da Gama, maior lider da Revolta, e Floriano Peixoto, que encarnava a legalidade. Também deste período é Um estadista do Império (1896), seu principal livro, em que analisa a vida do senador Nabuco de Araújo e a vida política, econômica e social do país durante a atuação do mesmo. Ainda desta época é o seu livro de memórias, intitulado Minha formação, publicado parcialmente na imprensa e reunido em livro em 1900", relata Manuel Correia.

Outras datas:

1896 - Participa da fundação da Academia Brasileira de Letras, que teve Machado de Assis como seu primeiro presidente e Joaquim Nabuco como secretário perpétuo.

25 de janeiro de 1896 - Ingressa no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

9 de março de 1899 - Aceita convite do governo da República para defender o Brasil na questão de limites com a então Guiana Inglesa de que seria árbitro o rei Victor Emanuel da Itália. Iniciou um processo de afastamento do grupo monarquista e a sua conciliação com a República.

Em março de 1900 - Com a morte de Sousa Correia, ministro brasileiro na Inglaterra, recebe o convite do gabinete do governo ocupar este lugar, passando a ser funcionário da República. Nabuco inicialmente aceitou ser "plenipotenciário em missão especial" deixando a chefia da legação com o encarregado de negócios.

Em agosto de 1900 - Aceita cargo de chefe da legação em Londres e tornou-se, finalmente, funcionário da República.

Em dezembro de 1900 - Durante banquete que lhe é oferecido, na cidade do Rio de Janeiro, faz o discurso considerado como a sua declarada adesão à República.


1903 - Publica-se em Paris o livro O direito do Brasil (1a. parte) em que Nabuco analisa as razões do Brasil na contenda com a Inglaterra, a respeito de uma área territorial fronteiriça com a Guiana Inglesa.

14 de junho de 1904 - O rei Victor Emanuel da Itália concede laudo arbitral na questão da Guiana Inglesa, dividindo o território disputado em duas partes - 3/5 para a Grã-Bretanha e 2/5 para o Brasil - o que foi considerado por todos, inclusive por Nabuco, como uma derrota para o Brasil.

1905 - Criada a Embaixada do Brasil em Washington, Nabuco foi nomeado embaixador do Brasil, apresentando suas credenciais ao presidente Teodoro Roosevelt, a 25 de maio. Como embaixador em Washington ligou-se muito ao governo norte-americano e defendeu uma política pan-americana, baseada na doutrina de Monroe. Também viajou bastante pelos Estados Unidos e proferiu dezenas de conferências em universidades americanas.

Julho de 1906 - Organizou a III Conferência Pan-americana, realizada no Rio de Janeiro, com a presença do secretário de Estado dos Estados Unidos.

Em 17 de janeiro de 1910 - Morre em Washington, Joaquim Nabuco, como embaixador, vencido por longo período de doença.

É a partir de 9 de agosto de 1948, às vésperas do centenário do nascimento do abolicionista e conselheiro, que a sede da Alepe recebeu o nome de Palácio Joaquim Nabuco. A indicação foi do deputado Tabosa de Almeida. E chegou a ser criticada por uma comissão parlamentar, segundo informações disponíveis no site da Assembléia Legislativa de Pernambuco, "o grupo alegava que o nome do abolicionista deveria ser dado a ruas, praças, prédios escolares e outros, mas não ao Poder Legislativo, uma vez que Nabuco não apoiava o Regime Republicano Democrático".

O resultado foi a aprovação, por maioria esmagadora, da medida proposta de Tabosa, tendo como argumento o fato de "Joaquim Nabuco ter sido um abolicionista destemido e incansável, de carreira política, diplomática e estadista brilhante, embora monarquista convicto".

fontes de informação:
http://www.fundaj.gov.br/docs/nabuco/jn.html
http://www.alepe.pe.gov.br/