A morte, para a maioria dos seres, chega com tristeza e dor. Para os cisnes, porém, é um momento de pura beleza e emoção.
Quando sentiu aproximar-se a sua hora, o cisne não precisou mais que se mirar nas águas tranqüilas do lago. Esse espelho lhe contava que sua plumagem continuava tão impecavelmente branca como sempre e que, com o passar do tempo, nada perdera da suave elegância. Se permanecia o mesmo, como explicar, então, o estranho frio e tremor que sentia, se não havia ainda chegado o inverno? Esse inexplicável cansaço é que lhe dava a certeza do fim.
Mais uma vez, o cisne deslizou para a sombra de um salgueiro, onde costumava abrigar-se nas horas de sol forte. Entretanto, era a hora do crepúsculo e as águas do lago iam passando da cor de sangue ao lilás.
A noite quase chegara quando o cisne começou a cantar. Jamais seu canto fora tão cheio de amor à vida e, ao mesmo tempo, de uma tão doce melancolia. Inicialmente claro e alto, o som de sua voz foi-se arrefecendo junto com a luz, até desaparecerem ambos por completo.
Todos os animais das redondezas conheciam aquele sinal:
- É o cisne que está morrendo, murmuraram de dentro da terra, das águas e das matas, cheios de agradecida emoção.
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