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Geórgia aceita cessar-fogo russo
combates cessam (!)
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou na noite desta terça-feira, em Tbilisi, que o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, aceitou o cessar-fogo oferecido a Moscou sobre o conflito envolvendo a Ossétia do Sul. Saakashvili admitiu o acordo, "modificado" em relação ao último dos seis pontos levados por Sarkozy.
Saakashvili (e.) com Sarkozy: mal no filme
"De modo geral, aprovamos os seis princípios do cessar-fogo e do acordo para a solução do conflito", disse Sarkozy, que promoveu os contatos na qualidade de presidente rotativo da União Européia (UE). Ele se apresentou ao lado de Saakashvili em uma coletiva de imprensa.
Seis pontos propostos, cinco e meio aceitos
• Não uso da força;
• Cessação definitiva de todas as hostilidades, para passar de um cessar-fogo provisório a um definitivo;
• Livre acesso da ajuda humanitária;
• Regresso das forças militares georgianas para o local habitual de acantonamento;
• As tropas russas devem retirar-se para o local onde estavam antes do início do conflito;
• Abertura de conversações internacionais sobre o futuro estatuto e a maneira de garantir uma segurança duradoura na Abcasia e Ossétia do Sul.
O presidente georgiano, enfraquecido pelo avanço das tropas russas que não encontrou maior resistência, limitou-se a pedir a não inclusão, no último ponto, da expressão "futuro estatuto". A Rússia aceitou. A proposta de acordo fora negociada em um almoço – que se prolongou por três horas e meia – entre Sarkozy e Medvedev, com a participação de última hora do primeiro ministro russo, Vladimir Putin, em Moscou.
Fim das hostilidades
Antes mesmo da chegada do presidente francês à Geórgia, a Rússia anunciou o fim das operações militares em território georgiano. Medvedev, ao fim da reunião, já falava do conflito no passado. "A operação que foi levada a cabo pelo contingente reforçado de manutenção da pas terminou sua atividade. O agressor foi punido e desorganizado", comentou.
Medvedev, decretou esta quarta-feira (13) como dia de luto na Rússia pela "catástrofe humanitária" na Ossétia do Sul. No comunicado divulgado pelo Krêmlin, Medvedev expressa os pêsames aos familiares de cerca de 1.600 habitantes da Ossétia do Sul e 18 soldados das forças russas de paz, mortos em cinco dias de combates com as tropas georgianas. A ONU avaliou em 100 mil o número de refugiados pelo conflito.
A nota acusa a Geórgia de atacar ilegalmente a Ossétia do Sul no último dia 8, violando os acordos existentes e a Carta da ONU, ao ocupar essa região e provocar o "extermínio da população civil". "Desta forma, foi cometido um genocídio do povo da Ossétia do Sul e a cidade de Tskhinvali (a capital da região) e outras localidades foram praticamente destruídas, o que causou uma catástrofe humanitária na Ossétia do Sul", indica o comunicado.
Em Tbilisi, partidários de Saakashvili voltaram a se manifestar em apoio ao presidente, enfraquecido pelo desfecho do conflito. Com cartazes em inglês onde se lia "Parem a Rússia", destinados à mídia ocidental, os manifestantes hipotecaram solidariedade ao presidente, considerado o mais pró-Ocidente do "cordão sanitário" que os Estados Unidos e a Otan buscam criar em volta da Rússia.
Já a opinião pública russa apoiou a ação das tropas de seu país, segundo pesquisa feita pelo instituto independente Levada. Apenas 2% disseram que simpatizam com a causa da Geórgia, 71% apóiam os ossetos e 21% afirmam não sentir simpatia por nenhuma das partes do conflito. A pesquisa foi realizada nos dias 9 e 10 de agosto, com entrevistas de 2.100 pessoas.
Ponto para a Rússia, e contra Saakashvil
Os analistas, mesmo na mídia ocidental que cerrou fileiras em torno da Geórgia, coincidem na conclusão de que a Rússia se fortaleceu, como potência regional capaz de impor sua vontade. Os EUA viram-se constrangidos a declarações de insatisfação do presidente George W. Bush e de sua secretária de Estado, Condoleezza Rice. E a França, em nome da UE, aceitou alegremente um acordo que restabelece o status quo anterior ao dia 8, como queriam os russos.
Todos coincidem também que o grande perdedor foi Saakashvil. Iniciou as hostilidades com a operação militar na Ossétia do Sul. Possivelmente não previu a resposta rápida e musculada da Rússia, e evidentemente não pôde fazer-lhe frente. Tentou, em vão, conseguir algum apoio dos EUA que fosse além das delcarações. Sai do conflito estigmatizado pelos russos como um genocida e pelos americanos como um aliado trapalhão.
Da redação, com agências
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